Confesso que este ano não estou com grande pachorra para fazer a minha lista dos melhores de 07. Mas um gajo tem que estar à altura das suas obrigações. E o proprietário de um blog em que se fala sobretudo de música tem essa obrigação. Como não estou para pensar muito, este ano só ponho por ordem os 5 mais. Aí vão eles.
5º
4º
3º
2º
E a 1ª dama do ano, a quem todos deveríamos beijar os pés
Outros 10 grandes discos de 2007, por ordem alfabética:
Beirut - The Flying club cup Bloc Party - A weekend in the city Blonde Redhead - 23 Grinderman - Grinderman Jens Leckman - Night falls over Kortedala Mark Ronson - Version Radiohead - In Rainbows The Go! Team - Proof of youth The National - Boxer Thurston Moore - Trees outside the academy
Melhor canção do ano: Interpol - Pioneer to the falls Disco mais injustiçado: Bloc Party - A weekend in the city Disco mais sobrevalorizado: FucKlaxons - Myths of the near future Promessas do ano: The Teenagers, Bat for Lashes, St. Vincent, The Horrors Desilusão do ano: White Stripes
Como prendinha de ano novo aqui fica a canção que abre aquele que foi o meu disco do ano em 2002 (ano em que, aliás, a concorrência foi brutal!), e que me tem feito muita e boa companhia nos últimos tempos. Só espero que a mensagem se aplique a todos nós. Let the golden age begin, folks! Um grande 2008 para todos.
The passage of time is flicking dimly upon the screen I cant see the lines I used to think I could read between perhaps my brains have turned to sand, oh me oh my, I think its been an eternity you'd be surprised at my degree of uncertainty how can moments go so slow... several times I've seen the evening slide away watching the signs taking over from the fading day perhaps my brains are old and scrambled, several times I've seen the evening slide away (who would believe what a poor set of eyes can show you) watching the signs taking over from the fading day (who would believe what an innocent voice could do) changing water into wine, (never a silence always a face at the door) several times I've seen the evening slide away (who would believe what a poor set of ears can tell you) watching the signs taking over from the fading day (who would believe what a weak pair of hands can do) putting grapes back on the vine (never a silence always a foot in the door)
Brian Eno - Golden Hours
este ano não há canções de natal na C70. só mesmo se for esta.
mas desejo a todos e cada um de vocês, que por aqui passam de vez em quando, o melhor de todos os natais.
Fora de jogo posicional: de acordo com a Lei XI do jogo da bola, está nesta situação o futebolista que, muito embora tenha entre si e a linha de golo apenas um defensor da equipa adversária, não pode participar na manobra atacante em virtude da sua deficiente colocação no terreno. O juíz de campo deverá ignorá-lo e deixar prosseguir a jogada.
ontem tive a sorte de acabar por ir ao sá da bandeira, depois de muitas hesitações. bilhete a 15€, cerveja a 1€. os Tunng, de quem nunca tinha ouvido falar, fizeram uma excelente 1ª parte algures entre the mamas and papas, nick drake e múm. e depois os Sons & Daughters deram um concerto do caraças, e quero dizer mesmo DO CARAÇAS. grandes canções, grande presença, muito estilo. e a baixista mais sexy que alguma vez vi pisar um palco, e acreditem que já vi muitas baixistas pisar palcos apesar de nunca ter visto baixistas pisar uvas. a menina tinha um vestido / mini saia de folhos amarelos que ai meu deus meu deus meu deus segurem-me que eu salto lá para dentro e depois quero ver como é que é, e quem me leva ao hospital se os seguranças me partirem as costelas e me atirarem para o meio da rua que nem um cão, isto se não me derem um tiro que me deixam logo ali estendido, que da forma que as coisas andam é o mais certo. isto tudo na companhia de alguns grandes camaradas de luta (como este, este, este e este). bela noite. melhor do que isto, nem sei. só se ainda por cima o FCP ganhasse e os lamps perdessem e ficassem, sei lá, aí a uns 10 pontos.
Respondendo ao desafio que o Olavo me lançou, aqui vão 5-películas-5 em que a excelência da música é indissociável da excelência do resto. Os que aqui estão foram os primeiros de que me lembrei, e portanto é claro que há 1001 filmes que podiam estar em lugar destres 5... so what?
E como pelos vistos tenho que passar o desafio a 5 pessoas, elas são, pelas mais variadas razões ou por razões absolutamente nenhumas, o Sr.Esteves, a verde (a tal que como toda a gente sabe, tem ar de quem gosta de musicais), a rtp, o reinaldo correia e a xana. Digam lá de vossa justiça.
jelly on your shoulder. do what you fear most. what makes your eyes moist. red pajamas. no kinds of love are better than others. lou, lou, lou, you kinky bastard.
é fácil chamar-lhe arena-rocker, redneck, básico, grunho e tudo o mais. este homem escreveu uma das maiores canções rock de todos os tempos e um dos poemas rock mais arrebatadores de sempre. o resto é treta. desde a semana passada que a wendy não sai do meu auto-rádio.
Foi belo o fim de semana na cidade em que tudo acontece. Um concerto para mais tarde recordar da minha banda de estimação desde a pré-adolescência (quando tiver PC em casa hei-de postar algumas fotos), notícias fresquinhas chegadas via SMS do que se ia pasando no galinheiro da 2ª circular, alojamento à borlex na parte mais posh da cidade, estar com amigos que não via há meses e há anos, beber umas quantas pints, dar um salto à Tate Modern, comprar livros, DVDs e singles 7" na feira de Spitalfields e em lojas de segunda mão, comprar livros caros e pesados encomendados por amigos chatos, e no fim de tudo quase perder o avião graças ao excesso de zelo dos funcionários de Stansted. Estafante mas restaurador.
Aí vai um dos 7" que arranjei na feira por 2£. Uma das minhas top-3 songs de uma das minhas top-10 bands.
Get around town Get around town Where the people look good Where the music is loud Get around town No need to stand proud Add your voice to the sound of the crowd
Amanhã vou ouvir isto aqui :-))))))))))))))))))))))))))))))
I watch the ripples change their size but never leave the stream of warm impermanence, and so the days float through my eyes but still the days seem the same
but hey now you rock'n roller, pretty soon now you're gonna
É tipo perto do centro mas lá para o fundo, sobre a esquerda quem está de frente para os Paços do Concelho, entre isto
e isto precisamente por cima disto
(aparte que não tem nada a ver com o teor deste post: repararam como a Suzanne Vega, normalmente um bocadinho desensabida, está estupidamente bonita neste clip?)
Ora digam lá o que têm em comum os Run-DMC, os Dexy's Midnight Runners, os Duran Duran, os Smiths, os Dead or Alive, os New Order, o Matt Bianco, os Love and Rockets, os GNR, os Human League, as Bangles, os Soft Cell, os Cocteau Twins, os Waterboys, os Bow Wow Wow, os Heróis do Mar, os A-ha, os Secret Service, os Cult, os Transvision Vamp, os Blow Monkeys, os Felt, os Depeche Mode, os REM, a Kim Wilde, os Primitives, o Terence Trent d'Arby, os Resentidos, os Propaganda, os Go Betweens, os FGTH, os Carmel, os Aztec Camera, os A Flock of Seagulls, o Billy Ocean, os Classix Nouveaux, os Visage, a Sabrina, os La Bionda, os Curiosity Killed the Cat, os Toto, os Sisters of Mercy, os Pet Shop Boys, os Bauhaus, o Silver Pozzolli, os Rah Band, os Talking Heads, os OMD, os Pogues, os Violent Femmes, os Cutting Crew, os Kajagoogoo, os X-Mal Deutschland, o Michael Jackson, o António Variações, os Cure, os Triffids, os Survivor, os Guns'n Roses, os Bros, a Mel e a Kim, os Joy Division, os Mler Ife Dada, os Psychedelic Furs, os Flash and the Pan, os Alphaville, as Bananarama, os Style Council, a Samantha Fox e os Fra Lippo Lippi?
E quem caraças é que quer saber dos Fra Lipo Lippi para alguma coisa?
No próximo sábado festa I love 80's no Radio Bar
Este vosso criado, acompanhado pelo infame, nefasto e altamente inflamável Mr. SeXXXyLove, estará lá para vos dar todas as careless memories a que têm direito para que se sintam like a child again. Se forem absolute beginners nestas coisas, saibam que vão dançar all night long até when tomorrow comes. Walk this way, e nada de relax até chegarem ao edge of heaven. Ou no dia seguinte vão perceber que a vida should't have to be like that.
Agora que consegui meter os Fra Lipo Lippi e a coisa está suficientemente parva, posso acabar. Com um docinho, claro.
Ontem estive no Coliseu de Lx a ver os Interpol. Uma ida que por uma série de razões acabou por se revelar mais atribulada do que o esperado, o que com toda certeza modificou o meu estado de espírito para este concerto. Com muita pena minha, pouco vi da actuação dos Blonde Redhead, mas o pouco que vi mostrou uma banda completamente no domínio do palco e do público. Surpreendeu-me a adesão incondicional dos espectadores que enchiam o Coliseu, não aos encantos de Kazu Makino (esses são consensuais, como se pode constatar aqui) mas à sonoridade não muito imediata, algures entre o shoegaze e a chanson, desta excelente banda. Quanto aos Interpol, o concerto não foi de forma alguma uma surpresa. As versões apresentadas em palco foram quase decalcadas das que conhecemos dos três álbuns, com a excepção da gloriosa Stella was a diver, que após uns momentos de aparente improviso se fundiu com PDA, tema que fechou o único encore. A setlist repartiu o protagonismo entre Antics e Our love to admire, o primeiro com seis canções e o segundo com sete. Mas foi notória a preferência do público pelos temas mais conhecidos de Antics. Narc, Evil, Slow hands e C'mere foram provavelmente os momentos com mais adesão da plateia. Houve até um momento engraçado em que o público se antecipou a Paul Banks no início de Evil, e este (não sei se genuinamente surpreendido ou a fazer de conta) lhes pediu que cantassem mais um pouco antes de ele próprio começar a invocar a misteriosa Rosemary. Um dos melhores momentos da noite foi a magnífica Not even jail, que fechou o set. A banda regressaria pouco depois para tocar um fabuloso Take you on a cruise e as duas canções já mencionadas do álbum de estreia (de que já se tinham ouvido Say hello to the angels e Obstacle 1). A única escolha que me pareceu desenquadrada foi a inclusão no set principal da belíssima The lighthouse, que teria ficado melhor a abrir ou fechar o encore. Como sempre acontece, houve 2 ou 3 canções que tive pena de não ouvir: Roland, Length of love, Pace is the trick, e sobretudo aquela coisa sobre-excelente cujo clip podem ver aqui mais abaixo. A prestação musical dos cinco elementos em palco foi irrepreensível. A pedra angular do "som Interpol" é, na minha opinião, a percussão económica e matemática de Sam Fogarino. Não há uma batida a mais, uma batida desnecessária e muito menos uma batida fora do sítio. Daniel Kessler, para além de ser também ele um guitarrista magnífico, é o elemento mais cool e mais comunicativo. E Paul Banks canta mesmo muito, muito bem. Infelizmente não deu para depois do concerto ir beber uns copos com velhos e novos amigos que lá estavam. Mas conheci finalmente o meu blogmate m.a. e vi muita gente conhecida (algumas caras bem mais inesperadas do que outras...). Quase diria, mais do que vejo da maior parte das vezes que saio à noite no Porto...
Afinal a coisa não é tão simples como parece, quando não se usa directamente o SkreemR. Enquanto vou fazendo experiências, aqui vão mais duas: primeiro a tal versão dos Abba pelos Czars. Depois uma versão dos Pretenders pelos Suede, que aqui há tempos alguns camaradas disseram não conhecer. Cheerio.
You wave your hand and they scatter like crows they have nothing that will ever capture your heart they're just thorns without the rose be careful of them in the dark oh, if I was the one you chose to be your only one, oh baby, can't you hear me now
Hoje revi o filme em que este homem faz de Benny, o dono do café dos bilhares.
Em que há peixes vermelhos e azuis.
Em que a Diane Lane parece que vai explodir de tão bonita e sensual e fantástica e sei lá bem o que mais.
Um filme que me deixou abananado quando tinha os meus 16 ou 17 anos. Acho que o vi no Stop. Cortesia do Cineclube lá da casa. Os agradecimentos à direcção :)
Hoje tive uma prenda linda:uma freira Playmobil. Com terço ao pescoço, Bíblia na mão e tudo. Por acaso devo confessar que a coisa não era para mim. Mas gostei tanto que acabou por ser. E de qualquer forma o Filipe não a iria apreciar devidamente (espero eu).
Já andei à procura a ver se havia padres, cardeais e outros dignatários do Altíssimo. Ocorreram-me várias instalações e formas de interacção. Mas parece que não há. O mais aproximado que vi foram os Reis Magos.
E nada mais tendo a dizer, passo a palavra ao Sr. Cohen. De freiras percebe ele.
As más companhias são tramadas. Desafiam-nos para serões dançantes a meio da semana, precedidos de belas francesinhas servidas em palacetes faraónicos. Servem-nos gins tónicos, enchem-nos o copo de vinho e em vez de café trazem-nos cerveja atrás de cerveja.
Ontem fui à noite remember do Batô (como se qualquer outra noite no Batô não fosse remember), acompanhado de duas más companhias que provavelmente ficaram na xona até tarde. Hoje estou cheio de sono, mas foi catita. Voilá um dos momentos altos.
Já não me lembro da última vez que fui à Indústria, mas já foi seguramente há mais de 10 anos. Esta sexta há um belo pretexto para regressar: concerto dos whomadewhoseguido de DJ-set do Legendary Tigerman. Parece belo.
Hoje o Filipe aprendeu a estalar os dedos. E agora à noite, em vez de eu lhe contar uma história, foi ele que me contou a mim. Ora, pelo meio da história o Mickey e amigos foram dar a um sítio onde estava uma banda a tocar. Perguntei que musicas se tocavam e ele respondeu: "músicas do Bowie, claro". E cantou uma música acompanhada de estalos de dedos. Falando em estalos de dedos, que canção vos ocorre? Será...
Hey, been trying to meet you Hey, must be a devil between us, or whores in my head, whores at my door, whores in my bed, But hey, where have you been? If you go I will surely die We're cha-ained, we're cha-aiiined, we're cha-a-aaiiiined
Quantas e quantas noites de bailarico não terminaram com esta pequena maravilha, cortesia da trupe de elfos urrantes...
She looks like the real thing, She tastes like the real thing, My fake plastic love But I can't help the feeling I could blow through the ceiling If I just turn and run It wears her out... If I could be who you wanted all the time
Canções perfeitas como esta calham bem em dias de neura como este. "Blow though the ceiling? Gee, that's a jolly good idea!"
Apesar de haver quem os ache um bocado mariquinhas, os Nada Surf são uma das minhas bandas preferidas destes últimos 10 anos. Estranhamente ou talvez não, por cá só tiveram uma música de relativo sucesso, o na altura omnipresente Popular, saído do seu álbum mais fraco. Os 3º e 4º álbuns desta rapaziada são um verdadeiro compêndio de indie/college rock. Têm canções quase perfeitas do princípio ao fim, sem pontos baixos, com letras excelentes e uma economia de meios notável. Algumas entram melhor no ouvido à primeira audição, outras demoram mais um bocadinho, mas são verdadeiramente vintage pop-rock. Daí que a minha expectativa para o 5º álbum seja enorme. E daí este post: é que o site da banda informa que ele está para chegar, tal como na canção do Roberto Carlos. Chama-se Lucky, parece que tem 11 faixas e sai em Fevereiro (claro que com sorte e alguma perseverança, se calhar até chega antes.) Se quiserem ouvir a faixa de apresentação, está disponível no MySpace da banda. Enquanto não chega, vão matando saudades de como se escreve grandes canções: Inside of love (do magnífico Let Go) e Always love (do esplêndido The weight is a gift). E não precisam de agradecer.
Ontem fui ao Theatro Circo ver a actuação dos Lucent Dossier Vaudeville, que foi divertido sem chegar a ser extraordinário. Houve malabaristas, trapezistas, engolidores de fogo, palhaços em monociclos e saltimbancos varios. Terminou com toda a trupe a convidar o público para dançar no lobby do Teatro. Tudo isto fez-me lembrar um cavalheiro que, estranhamente, tem andado arredado deste tasco, já que se trata de um dos músicos que eu mais admiro. Bora lá então recordar os 20 anos do inqualificável Frank's wild years, um dos meus discos favoritos de sempre.
All the Shakespearoes, they watched their Rome burn.
Hoje em dia os Stranglers são recordados sobretudo por 3 ou 4 canções relativamente incaracterísticas da sua longa obra (mas nem por isso fracas), como a insossa Always the Sun, a belíssima Golden Brown ou a superlativa Strange Little Girl (desafia-se os leitores a descobrirem este single no banner da C-70). Mas a história é muitas vezes injusta. Não foram exactamente uma banda que mudou a história da música popular, mas foram uma grande banda de rock. Quatro gajos feios, porcos e maus, que provavelmente faziam a barba e mudavam de roupa interior a cada três semanas, usavam o órgão como poucas bandas rock, tinham um sentido de humor por vezes demasiado à frente do seu tempo, e deixaram para a posteridade muitas grandes canções, entre as quais este manifesto de intenções. No more heroes anymore.
Poucos dias antes de ser conhecido o novo álbum dos Radiohead, a C-70 dá os parabéns ao cavalheiro Thom Yorke pelos seus 39 aninhos. E como? Recordando a sua participação numa canção dos Drugstore (de quem já vos falei aqui) dedicada a Salvador Allende.
Nos idos de 97 vi em Londres um concerto desta pandilha poucas semanas antes de sair o segundo disco, onde vem esta canção. Quer dizer, até vi 2 ou 3 concertos deles nessa altura. Mas este de que falo agora foi especial porque o bom do Thom foi lá dar uma perninha e fazer este dueto com a pequena Isabel Monteiro, para espanto e surpresa geral (até porque se tratava de um concerto pequeno num sítio pequeno, mais concretamente a ULU, Associação de Estudantes da Universidade de Londres. Foi belo!
A C-70, espaço reconhecidamente imbuído dos valores democráticos e republicanos, não pode deixar passar em claro a comemoração dos 97 anos da implantação da República. E fá-lo evocando uma banda que foi buscar inspiração e esse dia de 1910. A canção em causa reproduz, alegadamente, as palavras de Teófilo Braga quando, em cima de um telhado, foi convidado para presidir ao 1º Governo Provisório.
Viva a República! Viva Teófilo! Viva Arriaga! Viva a Saffron!
Não tinha ficado muito entusiasmado comBird Flu, o single de apresentação do novo disco de Maya Arulpragasam, a cingalesa filha de um Tigre Tamil, refugiada em Londres e que assina os discos como M.I.A. Mas para além de ter reavaliado o dito cujo, que se revelou uma canção bem mais contagiante do que parecia à primeira vista, a audição de Kala, o novo disco da menina, deixou-me abananado. E ela avisa na faixa de abertura: "M.I.A. is coming back with power-power!"
Não sou, declaradamente, um grande apreciador das produções mais dançáveis, nem de exageros de fusões etno-pop. Mas esta mistura de ritmos afro-hindi-brasileiros com umas pitadas de rock e de rap é irresistível em qualquer pista de dança (sendo que a cozinha entra no meu conceito, bastante amplo, de pista de dança). Com uma paleta de sons bem mais diversificada do que o excepcional Arular (um dos meus discos preferidos de 2005), este disco não vai com certeza desiludir quem já tinha gostado dessa estreia brilhante, e ainda é bem capaz de arrebanhar mais ovelhas para a causa. De resto, as apreciações à actuação em Coura foram mais do que positivas. Uma última nota, nada secundária, tem a ver com as inesperadas e surpreendentes referências/colagens a gente tão ilustre como Jonathan Richman, os Pixies, os New Order e os Clash, traduzidas nas citações de Roadrunner e Where is my mind e na samplagem de Blue Monday e Straight to hell. E esta, hein?
Aqui o vosso amigo vai estar amanhã à noite (acabo de saber) a botar som num certo e determinado bar da cidade, mas não digo qual. Mas fica uma pista fotográfica: nós aqui gostamos de enigmas, e quanto mais difíceis melhor.
Um pires de tremoços para o primeiro que adivinhar.
Os putos vêm só para dar um fix Estendem-se pelo quarto a folhear comics Esquecem gringas a marcar os livros E morrem de volúpia num esgar feliz
Sempre a propósito a educação musical das crianças, ontem presenciei um belo momento.
O meu sobrinho João tem um enteado, o Tomás, que vai fazer agora 5 anos. Ontem jantámos em família, e a páginas tantas, enquanto o Lisandro ia marcando golosna capital do móvel, o moço utilizou, a propósito já nem sei de quê, a expressão "velocidade escaldante". Ora bem: isto só faz sentido para os iniciados na obra da melhor banda rock portuguesa de sempre, porque se trata do título de uma magnífica canção do álbum menos bom dos MM. É que apesar de ter ido ver o concerto dos Keaaaaabbllaaaaaaaarggggghhhne, o João ainda conserva alguns traços do bom gosto musical que o tio lhe incutiu, e vai passando ao Tomás os valores essenciais da nossa civilização. E isso é bonito.
Parece incrível, mas o senhor Nicholas Edward Cave, sem dúvida o australiano que eu mais admiro, faz hoje 50 anos. Seria uma boa ocasião para escrever um post comprido, em que tentasse explicar como alguns discos dele foram importantes para mim, apesar de só ter contactado a sério com a sua música a partir de 1990, quando comprei o The Good Son. Depois disso comprei todo o back catalogue e tudo o que ele foi publicando. Até tenho o The Boatman's call autografado, numa sessão na HMV de Oxford Street em que trocamos breves palavras. Foi assim: Joe: God bless you, Nick. Nick (após ligeira pausa para ver quem tinha feito uma saudação tão bacoca): OK. Pronto... não foi exactamente um diálogo do tipo socrático, mas é melhor que nada. Ou têm melhor para a troca?
Anyway, não era aí que eu queria chegar. O que queria dizer é que este Homem com dois Agás Grandes é em absoluto um dos meus cantores/compositores preferidos. E que lhe desejo muitos mais anos de vida e de actividade. E que um dia destes volte a aparecer por cá, porque já lá vão uns anos desde a última vez que o vi. Foi por volta de Abril de 2001, no Coliseu de Lx, na digressão do No more shall we part. Para comemorar a data deixo não um, não dois, mas três clips. O primeiro remonta aos primeiros tempos dos Bad Seeds, e é a cover de uma das minhas canções preferidas, outrora cantada pelo King. O segundo é possivelmente a sua melhor canção de sempre, uma reflexão desesperada sobre a culpa e o castigo (ele costuma dizer que é sobre a cadeira eléctrica). O terceiro é uma canção de amor simples e perfeita, de um dos melhores discos dos 90's.
Finalmente este clip voltou a ser visível. Fico à espera que os gajos se dignem lançar o tão requisitado DVD com os clips destes 20 e tal anos, para poder voltar a ver coisas como o Chabala, o Anjos Marotos ou o Em directo para a TV. Se entretanto quiserem saber o que está disponível, a própria banda tem a fineza de fazer uma lista aqui. Já agora, para quem gostar e se der ao trabalho, grande parte da actuação deles deste ano em Coura está no YouTube.
(Espaço: à porta do Batô; Tempo: uma sexta feira de verão, por volta das 03.00, circa 1999) Quatro jovens bem parecidos e na flor da idade preparam-se para tentar entrar numa discoteca cheia sem companhia feminina; um deles convenceu os outros três de que utilizaria perante o porteiro um argumento decisivo e infalível. Tocam. O porteiro espreita, vê que são quatro gajos e faz que não com a cabeça. O jovem argumentativo não se fica. Bate à porta e pede para falar. O porteiro anui, com cara de quem não vai fazer fretes. O argumentativo dipara: - É que eu sou amigo do Zéquinha... O porteiro para e medita: "mas quem c****** é o Zéquinha???", pensa. Lembra-se depois que é o DJ; "claro, este cromo não ia dizer que era amigo do barman." Ri-se e volta a dizer que não. O argumentativo insiste: - Não sei se percebeu, eu sou amigo do Zéquinha, ele está hoje a pôr música e disse-me para aparecer, que não ia haver problema... Se quiser pode ir chamá-lo. "Só me faltava esta agora, este deve querer que a música pare para o gajo lhe vir aqui dar um abraço". - Não amigo, lamento mas hoje não pode ser, sabem muito bem como a casa funciona. Os outros amigos tinham-se chegado para longe da vista do porteiro, com medo de não voltarem a entrar ali nem com a Kournikova pela mão. O argumentativo permanece inconformado junto à porta, e repete baixinho - Mas eu sou amigo do Zéquinha... Desistem e bazam.
ACTO II (Tempo: meia hora mais tarde; Espaço: junto às roulottes de cachorros do castelo do queijo) O argumentativo pede um cachorro completo à menina, cujos cabelos amarelos-escuros exibem umas raízes tão pretas como os poucos dentes que ainda lhe restam. A conversa com o porteiro deixou-o faminto. Ela ri-se toda, pisca-lhe o olho e prepara a encomenda. Vai-se rebolando, insinuante e marota, entre salsichas, cebola e tudo o mais a que o nosso herói tem direito. E então a magia acontece: irrompe no éter uma melodia que por esses dias invadia Portugal. A salsicheira dengosa abana-se, sorri atrevida para o moço sensual e canta-lhe: -"Estou fazendo amor com outra pessoa, mas meu coração vai ser 'prá sempre seu..." Acabámos os cachorros e fomos à nossa vida. Há suspeitas mais ou menos fundadas de que após ter sido deixado à porta de casa o argumentativo apanhou um Taxi e voltou às roulottes. Chegou, assobiou, piscou o olho à salsicheira e partiram para uma noite louca de paixão. O resto é uma lenda urbana.
Ontem (na noite de sábado) fui a um bar onde já não ia há coisa de um ano. Nada de especial, considerando que os meus hábitos noctívagos sofreram um rude golpe desde há alguns anos. Só menciono o facto porque se trata de um sítio onde durante anos ia quase todos os fins de semana. Provavelmente o bar onde mais vezes fui na vida, e que continua a ser o local mais fiável para ouvir o melhor pop-rock. Estou a falar do Mercedes, como é claro. Ora, volta e meia há concertos no Mercedes, que são muitos diferentes do normal em função das (ou se preferirem "derivado às") características do espaço. Há uma grande proximidade dos músicos com o público, que muitas vezes acabam a noite a beber uns copos juntos. Já vi lá alguns excelentes concertos dos Logh, dos Mão Morta, de Mark Eitzel ou de Lou Barlow. E perdi outros tantos, por andar distraído ou por não ter arranjado bilhete (a lotação é de 100 pessoas). Daí que venha avisar o povo que no dia 29 de Outubro os The Sea and Cake vão lá tocar, e eu só não irei de não puder. Não é todos os dias que uma das bandas mais aclamadas do panorama indie-pop toca para uma mão cheia de felizardos. Fiquem lá então com a versão que estes moços de Chicago fizeram para uma canção bem conhecida do Mestre. E depois não digam que ninguém vos avisou.
O Sr. Ministro das Finanças é um querido. Tão querido que hoje depositou (admito que tenha mandado alguém depositar) na minha conta o reembolso do IRS. E eu, gastador consumista esbanjador incorrigível, fui a correr à cadeia de lojas amarelo-mostarda. E em que esportulei eu as minhas poupanças? Entre outras coisinhas, nesta caixa por que salivava há anos:
Não o best of, não o compacto, não os melhores momentos "not including the parrot sketch". Desta vez perdi a cabeça e comprei o full monty, the whole shebang, a opera omnia, as 4 séries em 45 episódios. Quer dizer, perdi a cabeça é capaz de ser uma força de expressão. Não custou assim tanto.
Há uns tempos debatia-se em alegre tertúlia, talvez em frente a uns finos e uma francesinha após mais uma vitória no Dragão, qual o melhor sketch de sempre. E se bem me recordo, este foi votado como vencedor provisório. Quem discordar que se pronuncie, ou se cale para sempre.
If you dont slow down, I swear that I'll come round and mess up your place, lets go for a spin Say we shouldn't even know each other, and that will be undone Don't that make you smile, like a forest fire?
Houve um tempo em que este gajo era o maior. Tinha um penteado cool, usava camisolas de gola alta e cantava como o caraças. E escrevia canções que até arrepiavam com letras fantasticamente enigmáticas, como esta, a fabulosa Rattlesnakes, ou a extraordinária Are you ready to be heartbroken (que inspirou um dos melhores singles do ano passado). Era 1984, eu tinha 14 anos, e foi quase como uma revelação. A pop podia ser pop, e ser extasiante e fazer-nos levitar e sonhar acordados. Só por este álbum perfeito o Lloyd merece o paraíso.
Pela enésima vez, a Mojo do mês passado trazia o Keith Richards na capa e um artigo de fundo sobre os Stones, colorido com o top-50 das suas canções, elaborado e comentado por outros músicos. Como não podia deixar de ser, isso deixou-me a matutar sobre o meu top pessoal, tendo constatado que (mais coisa menos coisa) as minhas preferidas estavam lá quase todas.
Desde o Undercover que não ouço um disco dos Stones do princípio ao fim. Mas mesmo fazendo de conta que eles acabaram há 25 anos e que coisas como o Anybody seen my baby, o Mixed emotions ou o Don't stop nunca foram escritas, nos (tipo) 20 anos anteriores há um acervo verdadeiramente obsceno de grandes canções. Então o período entre 66 e 78, entre o primeiro álbum de originais (Aftermath) e o último verdadeiro grande disco que fizeram (Some girls) é impressionante em temos de relação quantidade/qualidade. Pouquíssimos artistas ou bandas tiveram um período tão longo de génio criativo, com tanta produção e uma qualidade relativamente uniforme. Assim de repente, vem-me à cabeça (além do Bowie, claro) o Nick Cave, os Sonic Youth, o Dylan e poucos mais. A maioria fica-se (nos melhores casos) por 3 ou 4 grandes discos, e eventualmente mais uma meia dúzia que não envergonha - e falo aqui de gente que me é tão cara como os Clash, os Echo, os Pavement, o Cohen ou os Tindersticks.
Tudo isto para dizer o que já toda a gente sabe, mas de que às vezes nos esquecemos (lá está, são estes malfadados últimos 25 anos) : os Stones foram mesmo uma das maiores bandas de rock'n roll de todos os tempos, e sem eles o rock tal como o conhecemos não seria de certeza o mesmo. De qualquer modo, há canções que resistem muito melhor do que outras ao "teste Blister in the sun", que mede a capacidade de não provocar náuseas após 10.000 audições. É que há coisas históricas como o Satisfaction ou o Let's spend the night together que pura e simplesmente já não me dão gozo nenhum. Muitas escolhas pessoais têm mais a ver com o prazer que conseguimos continuar a retirar de uma obra que já conhecemos de cor do que com a importância ou a qualidade intrínseca das canções.
Dito isto, eis o meu top-10 (com menções honrosas para o Bitch, o Can't you hear me knocking, o Jumping Jack flash e o Ruby Tuesday, já que não podiam caber todas):
10 : She's a rainbow 09: Beast of burden 08: Sympathy for the devil 07: Gimme shelter 06: Doo doo doo doo doo (heartbreaker) 05: Paint it, black 04: Honky tonk women 03: Tumbling dice 02: Moonlight mile
A minha preferida é uma que de vez em quando tenho que cantar ao Filipe, numa clara demonstração de como o rock pode ser pedagógico. Nos tempos em que fumava acendia sempre um cigarro quando ela começava, porque sabia que iam acabar ao mesmo tempo. E claro que quem viu o The big chill nunca mais se esquecerá que esta também era a canção preferida do Alex.
Bring out the dead, bring a bottle today, bring out all your rubbish and throw it away Something's missing and it stinks around here, I said, bring me the rest of Alfredo Garcia
Os Flaming Stars são uma banda formada em meados dos 90's por Max Decharné, um dissidente dos grandes Gallon Drunk. Foram uma das primeiras bandas a entrar de corpo e alma naquilo a que mais tarde se chamaria garage revival, combinando o rockabilly mais sujo com ambientes de cabaret e de film noir, que muitas vezes lembra (ainda que mais no espírito do que no som) Nick Cave ou os Tindersticks; tudo com uma atitude muito punk. Tive a sorte de os ver em Londres em 97, quando promoviam o seu primeiro álbum, Songs from the bar room floor. Foi um concerto do caraças, e 10 anos depois ainda estão aí para as curvas. É verdade que a inovação e o ecletismo não serão os seus pontos mais fortes; mas quem gostar do género e não ligar demasiado a isso não pode deixar de gostar destes moços. E porquê falar hoje desta trupe? Porque acabei há bocado de ver o grande, portentoso e brutal road-kill-movie de Sam Peckinpah, Bring me the head of Alfredo Garcia, a que os Flaming Stars roubaram (substituindo head por rest) o nome de um dos seus primeiros singles. Infelizmente não há clip dessa música, mas se quiserem ouvir outra para ficarem com um cheirinho, fáxavôr clicar aqui. E tenham um bom fim de semana.
I just don't care about the evening news, I never listen to the crackhouse blues They say the city is the place to be I wanna dance with Emily
A C-70, entidade empregadora reconhecida ao seu pessoal, deseja as rápidas melhoras à D. Emília, dedicada mulher a dias que, como diria o Gabriel Alves, prefere a técnica da força à força da técnica. E na mesma penada (por volta da 4ª estrofe) damos as boas vindas à sua substituta Leonor, esperando do fundo do coração que parta menos coisas e que limpe a casa como deve ser.
Esta muito divertida canção do aspirante nº 1 a Jonathan Richman dos 00's é a melhor de um segundo álbum decepcionante, quando comparado com o extrordinário Friends of Mine, a sua estreia a solo depois daquele disparate pegado chamado Moldy Peaches. mas apesar de a coisa ainda ter piorado no álbum seguinte, continuo a acreditar neste petiz: só o céu é o limite para quem não tem medo de fazer figura de urso.
Os 10 anos da morte da ex-futura rainha (ou lá o que seria) de Inglaterra sugeriu-me um post, que deveria ter sido escrito há 2 ou 3 dias mas que por falta de oportunidade vai hoje. Quando a senhora morreu, tinha acabado há poucos dias os exames do curso que fiz em Londres nesse ano. A coisa deu-se numa noite de sábado, em que havia uma festa na minha residência. Uma vez que era o feliz proprietário de uma mini-aparelhagem e que nutria algum gosto pela função, punha muitas vezes música nestas festas; normalmente repartia a missão com um grego, cujo nome reparo que se me varreu da memória. Adiante. Nessa noite, como de costume, levei a minha mini-hi-fi e estive para aí até às 4 a animar o povo e a mim próprio. Quando me fui deitar aquilo ainda estava para durar, de modo que deixei a aparelhagem por lá com outrem nos comandos, e combinei que na manhã seguinte a ia lá buscar. Por volta das 11h. bateram-me à porta do quarto. Eram duas colegas acompanhadas por um polícia. E fiquei a saber que na noite anterior dois tipos se tinham introduzido na festa, tinham conseguido ficar por lá despercebidos até toda a gente se ir deitar e tinham gamado as duas aparelhagens de serviço. Iam pela rua fora quando acharam que um carro da polícia estava a desconfiar deles, e vai daí resolveram tentar a fuga. Um conseguiu, o outro foi apanhado - felizmente o que levava a minha Aiwa. Reparem que tudo isto ia sendo contado a alguém que tinha dormido pouco e bebido bastante na noite anterior, pelo que se compreende a minha estupefacção quando a meio do relato, estava eu a assinar uns papéis quaisquer, alguém mencionou que a pobre Diana tinha quinado. Devo ter feito uma expressão tão perplexa que o polícia se sentiu no dever de me esclarecer, e disse mais ou menos isto: "Oh, but don't worry Sir; it had nothing to do with the stealing of your stereo". Hoje esta aparelhagem ainda está no escritório, embora pouco usada. Se ela falasse, o mundo saberia finalmente a verdade sobre o que se passou no tal túnel em Paris; mas isso é um segredo meu, dela, do polícia e do ladrão. Agora, o que tem piada (dentro do género...) é que na noite anterior tinha passado a canção cujo clip vai aqui em baixo. Foi o Kostas, outro grego, que viu o disco na minha mala e me pediu para a passar, apesar de completamente fora da onda britpop/revival que normalmente animava a "pista". Naturalmente passei-a (e dancei-a) com gosto. Ainda assim, há coisas do caraças.
Well, some people try to pick up girls and get called an asshole, this never happened to Pablo Picasso He could walk down your street and girls could not resist to stare, so Pablo Picasso was never called an asshole.
Há que dizê-lo com frontalidade: a experiência de pintura de tectos foi um rotundo sucesso. Apesar de ter parte considerável do corpo salpicada de branco, apesar de ter parte do chão salpicado de branco, apesar de ter pó branco por toda a casa (em quantidades tais que cheguei a ter a esperança que a Kate Moss aparecesse para o chá), apesar de tudo os meus tectos estão um luxo asiático. Melhor ainda, um luxo González, com 100% do passe e tudo. Dignos de serem expostos numa bienal de pintura. Dignos de serem mencionados e comentados naqueles blogues mais vocacionados para as artes plásticas. A ideia inicial era pintar tudo de branco. Mas já sabem como é, a pessoa começa-se a entusiasmar e às tantas é difícil travar a inspiração. Miquem o resultado final:
Se estiverem interessados nestes ou outros serviços, fáxavor contactar o artista por algum dos endereços ali à direita. Facilidades de pagamento até 18 meses sem juros e oferta de um kit porta-chaves/pente/corta-unhas com a Criação do Mundo às 10 primeiras encomendas*.
I don't care about this life, they say there'll be another one defeatist attitude I know will you be sorry when I've gone Primitive painters are ships floating on an empty sea gathering in galleries were stallions of imagery
A C70 aproveita o dia antes da partida para férias para se lançar numa inédita e intrépida aventura de bricolage caseira. Nada menos do que pintar o tecto de 3 divisões. Começo assim a perceber certas coisas que até agora não percebia. depois de uma hora a raspar e lixar um tecto, também eu já estava capaz de emborcar meia dúzia de minis, traçadas com Martini e tudo. Sei que esta canção, um dos mais belos momentos da dream-pop dos 80's, é muito apreciada por certo casalinho que se encontra de férias na Vagueira, essa bela localidade. Do alto do escadote e de trincha em riste, daqui lhe mando as mais cordiais saudações.
Acabo de saber, via April Skies, da morte do grande Lee Hazlewood. O homem que compôs, gravou e/ou produziu pedaços do céu como Summer Wine, These boots are made for walkin', Sand ou Some velvet morning, o dono da mais colossal voz de barítono e do mais respeitável bigode da pop, aquele a quem os Tindersticks chamaram "a father to us all" na contracapa de um dos seus primeiros singles, o criador de uma ode triunfal chamada José, o único e verdadeiro cowboy in Sweden (ao que consta exilou-se para lá para que o filho não fosse alistado para a guerra do Vietname), não vai voltar a compor nem a cantar. Quem ama a música pop não pode deixar de se sentir mais pobre.
Obrigado por tudo, Lee. Lá onde quer que estejas, bebe o teu vinho nesta noite de Agosto.
Sempre a propósito de barcos, navios, mares e afins, lembrei-me desta canção um bocadinho xaroposa demais e que nem tem assim tanto a ver com o assunto, mas que sabe sempre bem ouvir. Lembro-me de há muitos anos ouvir isto às escuras, com os headphones. Ficava sempre arrepiado. Digam o que disserem deste disco, há coisas que são indiscutíveis: tem um som e uma produção quase perfeitos, e o tipo nesta altura estava a cantar como o caraças. E já agora, tem meia dúzia de canções impecábeis.
Sempre que vejo este clip pergunto-me: como é que eles conseguiram manter cara séria durante tantos segundos? Ver o Blixa e o Kid Congo de meninos de coro é hilariante.
Este ano a minha literatura de férias vai ser temática. Vou ler ou reler livros de viagens marítimas, histórias de aventuras e de piratas. De momento estou a atacar a Revolta na Bounty, que é muito diferente do que imaginava, mas absolutamente absorvente. O próximo será provavelmente o Moby Dick, que já ando para ler há alguns anos. Depois, dependendo do tempo e do estado de espírito, relerei as Aventuras de Arthur Gordon Pym, um livro do Edgar A. Poe que li quando tinha uns 11 ou 12 anos, ou o 1º volume da colecção do Sandokan, que devo ter lido com 7 ou 8. A canção com que tencionava ilustrar este post era o Navigator, dos Pogues, mas o YouTube não colabora. Deixo uma outra, porventura não tão apropriada mas incomparavelmente melhor. Um dos (o?) cantores/compositores não anglo-saxónicos de quem eu mais gosto, uma performance inebriante e uma canção soberba que fala de marinheiros, de portos e da cidade do pecado.
Se quiserem ouvir uma fantástica versão desta canção em inglês, por alguém acima de qualquer suspeita, podem ouvir aqui. Bizarramente, as imagens que verão são o clip de uma outra canção do Mestre, com esta canção sobreposta.
Ainda a propósito do Ogre verde que visitei esta tarde, ali pertinho do estádio mai'lindo do mundo, o genérico final trouxe-me à memória (quem viu perceberá porquê, quem não viu que vá ver) um clip já velhinho dos Talking Heads. A canção chama-se Stay up late, e ainda que não seja muito mais do que um complemento indirecto na obra desta banda superlativa absoluta analítica, o teledisco é, para não variar, extremamente inovador para os padrões de há 22 anos (até dói dizer isto a quem comprou o álbum quando ele saiu, e hoje até o tem exposto na parede da sala...), apesar da extrema simplicidade de processos. E sobretudo é muito divertido.
Hoje estamos de férias. Ou melhor 2/3 desta casa está de férias. E esses 2/3 vão comemorar o início de Agosto com um almoço num sítio simpático à beira-rio ou à beira-mar (já se verá), seguido de uma ida aos movies. Parece que o outro 1/3 tem uns exames para corrigir... azar!
A propósito do filme que estes 2/3 tencionam ir ver hoje, tomem lá uma cançãozita bem disposta, que era o tema do Shrek original, aqui cantada pelo seu legítimo autor. O mesmo que escreveu coisas como o Red Red Wine e o Girl, you'll be a woman soon (já sem falar desta preciosidade, evidentemente), o one and only Rei do Azeite, o Príncipe dos casinos, o Imperador do cetim branco e da lantejoula, um Senhor com "S" grande e provavelmente o meu maior guilty pleasure musical. Neil, para os amigos.