19 agosto 2006

Quote of the day - David Bowie / Memory of a free festival

The Children of the summer's end
Gathered in the dampened grass
We played our songs and felt the London sky
Resting on our hands, it was God's land
It was ragged and naiveIt was Heaven


A canção é um bocado pirosa, mas não me ocorre melhor para ilustrar a ressaca daquela que foi provavelmente a melhor edição do melhor festival português. Não fosse a chuva e teria sido ainda melhor. Sem tempo para grandes conversas, a C-70 deixa imagens dos melhores momentos do festival, penalizando-se por se ter esquecido de fotografar o grande espectáculo que deram os Eagles of death metal. Outros (Gomez, We are scientists, Madrugada e etc.) não estão aqui porque foram realmente menores em face da concorrência.






Por ordem: Broken Social Scene (e agora quem fala mal dos trombones de varas??); Morrissey (havia necessidade daquela saída de palco?..); Gang of four (be afraid, micro-waves... be very afraid); YYY's (O, Karen...); Bloc Party (brutal!); !!! (os mais divertidos, para mim a grande surpresa do festival); Cramps (a passar a meia idade ainda mostram como é que se faz); Bauhaus (a redenção de Peter Murphy, depois de no ano passado ter escrito cobras e lagartos sobre a pimbalhada que foi a sua actuação em Vilar de Mouros).
E por uns tempos é tudo. A C-70 vai a banhos por 2 semanitas, e estará de volta em princípios de Setembro. Beijos e abraços, fiquem bem e não façam nada que eu não fizesse.

13 agosto 2006

Silly Season 04

Como a silly season toca a todos, parece que anda por aí uma cabala destinada a fazer-nos crer que o inefável Cid, o tal que tapa as partes com discos de ouro, o tal que se proclama a mãe do rock português, o tal que gostava de ser o Elton John, o tal do macaco e da banana, o tal que diz que assinou alguns dos discos mais importantes da história do rock progressivo...
Dizia eu que parece estar em curso um plano, não sei idealizado por quem e muito menos com que intenções, de branqueamento do Cid. Ele é o Blitz, ele é o Y, ele é toda a gente a dizer que afinal o homem é um génio incompreendido a que a história começa a fazer a merecida justiça. Para que a memória não faleça e a história não seja coxa, convém todavia não esquecer alguns momentos protagonizados pelo artista. Infelizmente não se encontra o clip do macaco e da banana, mas há por aí, à disposição do mundo, momentos bem divertidos. Fiquem com uma aparição na nosa TV, a cantar em play back o Portuguesa bonita, e com um outro clip que nos dias de hoje podia dar cadeia .
Em baixo, e com merecido destaque, fica um dueto com alguém que não consigo identificar, prometendo alvíssaras a quem o fizer. A canção chama-se "A pouco e pouco (favas com chouriço)". Atentem especialmente em dois momentos e na poesia que lhes subjaz: a chegada ao escritório e a chamada telefónica. São de ouro!
E boas férias!

09 agosto 2006

Silly Season 03

Depois de quase ter levado na cara, depois de ter sido assobiado durante uma época inteira, depois de ter passado meses a ensaiar um sistema de três centrais que este ano nos tornaria muito mais fortes, depois de ter arrumado com os dois chefes do balneário, depois do estágio de pré-época na Holanda, Co Adriaanse demitiu-se nesta manhã de 9 de Agosto.
Pensarão os mais novos que nunca as palavras "holandês", "verão" e "nonsense" fizeram tanto sentido entre nós.
Desenganem-se.
Há precisamente 20 anos a dupla que podem ver aqui em baixo (que respondiam pelo nome de MC Miker "G" e Deejay Sven) superou tudo o que poderíamos esperar da sensibilidade musical dos holandeses, não falando já do bom gosto no vestir. Esta bosta passava diariamente no Countdown, e a acreditar na Encyclopedia of Dutch Rock music (juro que não estou a gozar!!) chegou a nº 1 em 34 países, e ao top 10 em mais 12.
Mr. Adriaanse is going on a summer holiday,
put your arms in the air, let me hear you say!

(se quiserem ver o clip propriamente dito, está aqui)

08 agosto 2006

Silly Season 02

Muitos eventos têm perdido, com o passar dos anos, a aura de grande acontecimento social, político ou cultural que tinham quando eu era miúdo, e infelizmente um deles é o Festival da Eurovisão (outro exemplo, em que a desaparição é todavia motivo de gáudio, são os inenarráveis Jogos sem Fronteiras, que me fazem sentir constrangido só de pensar que em tempos passei serões a ver aquilo). Até aos meus 11-12 anos, não perdia a apresentação diária dos 3 ou 4 clips de canções concorrentes, e toda a família seguia invariavelmente do princípio ao fim o espectáculo propriamente dito. Há pormenores que nunca se esquecerão, como saber de antemão que a Grécia e o Chipre se dariam mutuamente 12 pontos, ou a voz de Eládio Clímaco (quem mais poderia ostentar um nome tão improvável?) a anunciar a votação do júri do Luxemburgo.
A Eurovisão proporcionou momentos verdadeiramente atrozes, tanto do ponto de vista musical como do da encenação. Coisas de que as novas gerações provavelmente nem suspeitam. Ficam aqui algumas, para vosso deleite, obviamente sem descurar a produção nacional - que infelizmente não pode ser representada pela minha predilecta, a inesquecível Daili-dou, papagaio voa, cometida pelos Gemini. Fica a capa, e a informação de que o idiota de cima é o Tozé Brito e que as duas meninas viriam depois a integrar as Doce, com quem uns anos depois regressariam ao palco dos palcos com a igualmente marcante Bem Bom, que inauguraria o disco-malhão - género que desgraçadamente não viria a pegar, apesar dos esforços de Tonicha e de Marco Paulo.
Mas a estrela desta selecção é sem dúvida a inacreditável Dschingis Khan, depois da qual nada foi igual no Europop, e que como veréis trouxe à Eurovisão o Imperador Ming em pessoa - pessoa, ou lá o que é aquilo. Numa das maiores injustiças de que há memória ficaria apenas em 4º lugar, atrás de coisas como a insuportável pepineira vencedora Hallellujah (que mais tarde seria cantada pelo próprio António Sala) ou a espanhola Betty Missiego e as suas crianças. A única que chega aos calcanhares desta trupe teutónica é a vencedora do ano anterior: a eterna Abanibi (que na versão portuguesa se cantava "abanáqui qui faz calô").

Boas férias!

07 agosto 2006

Silly Season 01

Sem nada de importante para dizer e com a maioria dos leitores em gozo de merecidas férias, a C-70 entra oficialmente na Silly Season até Setembro. E começa com uma das pérolas mais resplandescentes do kitsch dos útimos 30 anos. A escolha é difícil, mas a pergunta impõe-se: qual o vosso Rubette favorito?


Em jeito de guilty pleasure, devo confessar que até gosto muito desta canção, a que os Auteurs (uma das bandas mais injustiçadas da britpop) dedicaram este tema do seu quarto e derradeiro álbum.
Mas quando pensavam que não era possível dar mais gargalhadas à custa do Sugar Baby Love, eis que surgem os Tonica, popular banda pop búlgara que aqui se mostra no programa de fim de ano de 1974 da televisão nacional. Como é possível um tal talento vocal não ter tido uma carreira internacional condizente?
Boas férias!