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03 abril 2009

although I know of no crime, it's the same

Numa demonstração de verdadeiro serviço público, a C-70 dá a 90% dos adeptos de futebol portugueses a oportunidade que os tribunais lhes retiraram: a de no dia de hoje gritarem 'Guilty' enquanto dançam e saltam.

É uma chatice, isto de as acusações terem que ser provadas mesmo quando 'toda a gente' sabe que são verdadeiras.
Bom fim de semana.

13 março 2009

radio on

Amanhã o Radio Bar comemora 4 anos. Pensando em algumas coisas parece que já foi há mais tempo, pensando noutras parece que ainda foi ontem. É pena que o medo de assaltos e de violência, a proliferação de gunagem, e mais recentemente o fenómeno hype da zona envolvente dos Leões tenham afastado da Ribeira e da Alfândega quem costumava ir lá. Mas estou convencido que mais cedo ou mais tarde se regressará à normalidade, e que a zona mais bonita da cidade retome o seu papel como palco principal da vida nocturna.
Como aniversário é dia de festa, amanhã o Radio faz a festa convidando alguns dos DJs que por lá passam, com mais ou menos frequência e mais ou menos amadorismo, desde há uns anos. Os manos anfitriões Tony the Pony e Mr. SeXXXy Love, o Puto, o Atari666, as Double Js, a juris-dupla maravilha Sonic Nights, John the Revelator, os Fritus Potatoes Suicide e alguns outros, entre os quais este vosso amigo. Apareçam, que vai ser festa da rija.
E agora uma pergunta de algibeira: qual foi a primeira música a bombar nas colunas do Radio na noite em que abriu ao público?
Foi esta.

Bom fim de semana.

09 fevereiro 2009

after the rain, whenever it is

Eu nem sou muito de me queixar da vida, nem do tempo, nem do caraças, mas este tempo já me começa realmente a irritar.
Procurando retirar alguma coisa de positivo, aqui fica uma bela canção para os dias de chuva de uma das bandas mais sub-estimadas da fornada pós-punk. Mereciam um lugar no pedestal ao lado dos Sound, Chameleons, Furs e Cª.
É aproveitar, que o clip traz brinde e ficam duas pelo preço de uma. Em tempo de crise é coisa rara.

Boa semana molhada para todos.

16 janeiro 2009

O Outono no Porto

Amanhã à noite a Imbicta vai ser visitada por uma das mais lendárias bandas de rock ainda em actividade. Isto se os The Fall (ou seja, Mark E. Smith e quem quer que o acompanhe em certo e determinado momento) não voltarem a cancelar o concerto, como aconteceu há uns anos. Na altura, segundo se disse, poucos dias antes da data anunciada tinham-se vendido 4 bilhetes; desta vez o concerto está inserido numa noite clubbing, portanto a casa cheia é quase uma garantia. Quanto mais não seja pelo hype que estas noites ganharam, e ainda bem.
Não posso dizer que seja um conhecedor profundo da obra dos The Fall, até porque ser conhecedor profundo de uma banda com quase 30 álbuns de originais é quase um trabalho em full-time, que deixo para outros especialistas bem mais qualificados. Nem sei muito bem o que esperar do concerto de amanhã, provavelmente mais centrado no álbum de 2008, mas que esperançosamente irá buscar algumas coisas ao enorme e rico fundo de catálogo. Seja como for, ver este homem em palco (ele que até já fez uma digressão em cadeira de rodas) é ocasião que não se deve perder.
Hit the North, everybody!!

24 novembro 2008

loucos ao poder

Em 1981 uma das mais importantes (seguramente a mais divertida) banda inglesa do espectro post-punk/ ska/ new-wave foi alvo de uma secessão. Os três vocalistas dos Specials abandonaram a banda e formaram os menos conseguidos Fun Boy Three, que ainda assim tiveram alguns singles inspirados e com algum sucesso. E, diga-se, gravaram algumas coisas com as Bananarama. Isso por si só já justificava o acto de formar uma banda e inclusivamente ter penteados como o que Terry Hall ostenta neste clip. É o primeiro single da banda, editado nos finais de 1981, e chama-se The Lunatics (have taken over the asylum).



Ocorreu-me esta música a propósito do concerto dos Mão Morta no auditório de um hospital psiquiátrico. Não lembra ao careca organizar uma coisa destas numa sala só com lugares sentados em cadeirinhas de veludo. Não dá, caraças, é contra-natura. Mas num palco encabeçado por uma faixa em que se lia "75 anos ao serviço da saúde mental" tudo pode acontecer.
Para que conste, o concerto foi mesmo muito bom. Como pontos altos, destacaria as versões avassaladoras do Penso que penso, Arrastando o seu cadáver e Lisboa, e a presença quase constante de 3 guitarras em palco. Que grande som! Só é pena não darem uma refrescadela ao reportório, com alguns clássicos que já há muito não se ouvem. Por onde andam Anjos marotos, Desmaia irmã desmaia, Facas em sangue ou Velocidade escaldante? E já agora, se a ideia é manter o dito reportório, que não se prive o povo de alguns dos mais clássicos entre todos os clássicos, como Anarquista Duval, Oub'lá, e Charles Manson. Algumas destas podiam ter ficado para o encore... mas para isso era preciso que tivesse havido encore.

24 abril 2008

all you got to do is win

Ando desde manhã a trautear este hino pré-indie (soa-me mais pré-indie do que pós-punk, se é que me faço entender) que me faz lembrar as tardes a ouvir rádio, em especial o Som da Frente.
Os Sound nunca chegaram a ser uma das minhas bandas preferidas, mas têm alguns temas verdadeiramente poderosos, dos quais este é capaz de ser o melhor.
E claro, sem eles não teríamos os British Sea Power...

21 abril 2008

Apelo às autoridades

Ontem à noite fui ao estádio mais bonito do mundo assistir a um espectáculo bastante agradável, que teve o seu quê de desportivo, o seu quê de circense, o seu quê de cómico. Já depois do apito final, o povo ainda ouviu e acompanhou o Chamem a polícia (dos inenarráveis Trabalhadores do Comercio), com que o DJ de serviço teve a grande ideia de sublinhar as legítimas preocupações dos GPT (Grandes Paladinos da Transparência).
Aqui fica mais um apelo a que as autoridades competentes intervenham e ponham cobro a esta pouca vergonha, ou que alguém (magistradas, escritoras, realizadores de cinema, magnatas sul-africanos, sei lá bem...) faça alguma coisa!! Três derrotas da Instituição numa semana deixam 60% do país à beira de uma crise de choro, e ninguém quer tal coisa.

Votos de uma boa monday, tuesday, wednesday, thursday, friday, saturday, sunday.

04 abril 2008

sweet and tender riot grrls

Desde ontem que ando a ouvir no carro uma colectânea das Shangri-Las. Sempre gostei de girl-groups, e estas meninas eram muito boas (muito boas artistas, quero eu dizer). Conseguiam imprimir às canções para teenagers um cunho dramático fora do comum, pelo tom com que cantavam, pelos diálogos e interjeições que metiam no meio das canções e pelas temáticas recorentes de amores desfeitos, adolescentes em fuga e motards rebeldes marcados pelo destino. Confirmem com aquela que é talvez a sua melhor e mais conhecida canção:



E agora ouçam mais esta, e digam lá: que duas grandes bandas nova-iorquinas (uma dos 70's, outra mais recente) vieram roubar umas deixas ao princípio e fim desta canção? Um pacote de farinha Branca de Neve, especial para bolos, a quem responder.



E um bom fim de semana.

11 março 2008

dúvida teológica

Sendo certo (ou pelo menos nunca formalmente desmentido) que a religião é o ópio do povo, ir à missa deve ser equiparado a consumir drogas. Ora, de acordo com a nova lista de pecados capitais, pensem lá para onde vão todos os crentes quando se passarem para o além?
Cheira-me vão fazer companhia ao papa papa papa papa papa papa-san.

go straight to hell, boys.
só os ateus é que se safam. Yessssssssssss!!!

21 fevereiro 2008

"I haven't fucked much with the past,

but I've fucked plenty with the future."

Hoje de manhã vim no carro a ouvir o Easter, que está para fazer 30 anos. Pode-se gostar mais ou menos da música e do estilo, mas não se pode negar que esta gaja os tinha no sítio.
Desgraçadamente o rock é 90% feito por gajos. Fazem falta mais rock'n roll chicks como a Patti e a Polly.

Look around you, all around you, riding on a copper wave
Do you like the world around you, are you ready to behave?

12 outubro 2007

Quote of the day - The Stranglers / No more heroes

Whatever happened to all the heroes?
All the Shakespearoes, they watched their Rome burn.

Hoje em dia os Stranglers são recordados sobretudo por 3 ou 4 canções relativamente incaracterísticas da sua longa obra (mas nem por isso fracas), como a insossa Always the Sun, a belíssima Golden Brown ou a superlativa Strange Little Girl (desafia-se os leitores a descobrirem este single no banner da C-70). Mas a história é muitas vezes injusta. Não foram exactamente uma banda que mudou a história da música popular, mas foram uma grande banda de rock. Quatro gajos feios, porcos e maus, que provavelmente faziam a barba e mudavam de roupa interior a cada três semanas, usavam o órgão como poucas bandas rock, tinham um sentido de humor por vezes demasiado à frente do seu tempo, e deixaram para a posteridade muitas grandes canções, entre as quais este manifesto de intenções. No more heroes anymore.

08 agosto 2007

Quote of the day #2 - Jonathan Richman / Pablo Picasso

Well, some people try to pick up girls and get called an asshole,
this never happened to Pablo Picasso

He could walk down your street and girls could not resist to stare
,
so Pablo Picasso was never called an asshole.


Há que dizê-lo com frontalidade: a experiência de pintura de tectos foi um rotundo sucesso. Apesar de ter parte considerável do corpo salpicada de branco, apesar de ter parte do chão salpicado de branco, apesar de ter pó branco por toda a casa (em quantidades tais que cheguei a ter a esperança que a Kate Moss aparecesse para o chá), apesar de tudo os meus tectos estão um luxo asiático. Melhor ainda, um luxo González, com 100% do passe e tudo. Dignos de serem expostos numa bienal de pintura. Dignos de serem mencionados e comentados naqueles blogues mais vocacionados para as artes plásticas.
A ideia inicial era pintar tudo de branco. Mas já sabem como é, a pessoa começa-se a entusiasmar e às tantas é difícil travar a inspiração. Miquem o resultado final:


Se estiverem interessados nestes ou outros serviços, fáxavor contactar o artista por algum dos endereços ali à direita. Facilidades de pagamento até 18 meses sem juros e oferta de um kit porta-chaves/pente/corta-unhas com a Criação do Mundo às 10 primeiras encomendas*.

* limitado ao stock existente

01 agosto 2007

Baby baby, please let me hold you

Ainda a propósito do Ogre verde que visitei esta tarde, ali pertinho do estádio mai'lindo do mundo, o genérico final trouxe-me à memória (quem viu perceberá porquê, quem não viu que vá ver) um clip já velhinho dos Talking Heads. A canção chama-se Stay up late, e ainda que não seja muito mais do que um complemento indirecto na obra desta banda superlativa absoluta analítica, o teledisco é, para não variar, extremamente inovador para os padrões de há 22 anos (até dói dizer isto a quem comprou o álbum quando ele saiu, e hoje até o tem exposto na parede da sala...), apesar da extrema simplicidade de processos. E sobretudo é muito divertido.


29 julho 2007

Um bom sunday

em especial para todas as girls.

29 abril 2007

A riot of my own... 30 years now


Em Abril de 1977 deu-se o grande salto em frente no punk britânico – que é como quem diz, europeu. É verdade que Never mind the bollocks, here’s the Sex Pistols, editado alguns meses depois, seria o manifesto final e definitivo da classe de 77, contribuindo para a causa com Anarchy in the UK, o hino desta geração (que por acaso até já tinha saído em single em finais de 76). Mas isso não altera o facto de os Clash terem sido a melhor e mais inovadora banda punk inglesa. Se não lhe quiserem chamar facto, chamem-lhe "opinião subjectiva fortemente fundamentada”. Pouco interessa.
The Clash, o álbum, foi gravado numa pressinha, ao longo de 3 ou 4 fins de semana. Como acontece com quase todos os discos que atingem um estatuto mítico, circulam inúmeras histórias sobre a sua gravação, como a que diz que quando a banda apareceu no estúdio com as roupas meticulosamente rasgadas e pintadas (sim, eles eram cool e ligavam muito às aparências) foram tomados por trolhas e enviados para uma sala que estava em obras. Ou a que conta que ao ver a Fender de Joe Strummer colada em várias partes com fita adesiva, um executivo se apressou a mandar vir uma guitarra novinha em folha, que o mesmo Strummer destruiu de imediato.
Mick Jones terá dito, a propósito das gravações, qualquer coisa como "I was so into speed I don't even recall making that album". Verdade ou exagero, o facto é que o sentido de urgência deste disco, de se ter algo a dizer muito alto e muito depressa, só podiam encontrar um paralelo razoável numa banda nova-iorquina, também com um conceito particular do cool, que também dizia rapidamente (por vezes demasiado rapidamente) o que tinha a dizer: os Ramones, claro. Mas ao contrário destes (e do punk nova-iorquino em geral, uma onda mais trendy e intelectualóide que se movia por galerias de arte e privava com poetas beat), os Clash (e o punk britânico em geral, vindo da rua, das filas do dole, dos bairros sociais e do fim dos restos de um império que percebia que tinha deixado de o ser) incluíram desde o início temas políticos (entendendo-se aqui expressão no sentido mais amplo) na sua agenda. O confronto (“clash”, em inglês) com a autoridade é o fio condutor destas canções, seja ela a polícia, os políticos incapazes de motivar as novas gerações, o papão americano ou os executivos das editoras. O importante era erguer o dedo médio a quem se atravessasse no caminho da revolução. Não é fácil fazer uma apreciação individual às 14 ou 15 canções deste disco. Por um lado, a sua qualidade não é um modelo de consistência, havendo alguns temas a roçar o banal no meio de verdadeiros e genuínos clássicos como (para citar temas não citados a outro propósito) White Riot, Janie Jones (de que os Babyshambles fizeram uma bela versão), Carreer opportunities ou What´s my name. Por outro lado, a edição americana retirou 4 temas da edição inglesa (mantendo, com uma admirável fleuma, a incendiária I’m so bored with the USA) e acrescentou 5 faixas entretanto editadas em EP's. Curiosamente, não estava prevista uma edição do disco nos USA, prevendo-se que a importação de cópias seria suficiente para satisfazer as encomendas; só quando as importações atingiram os 100.000 exemplares é que os executivos da CBS mudaram de ideias. É esta, aliás, a edição que eu tenho, e que normalmente se encontra por cá. E embora seja uma adulteração da edição original (sendo que, de qualquer forma, o punk sempre viveu mais de singles do que de álbuns) a qualidade das canções está longe de ficar a perder. Basta dizer que dessas cinco “novas” canções, três são a fantástica versão para I fought the law, outrora celebrizada pelo malogrado Bobby Fuller (canção que assentava que nem uma luva à imagem de cowboys justiceiros que os Clash queriam assumir, quais Jesse James em cruzada contra o imperialismo capitalista), a brutal Complete Control (manifesto contra as pretensões ditatoriais da editora, que supostamente concedia à banda total liberdade artística, mas que depois decidia quais os temas a editar, a incluir e a excluir) e (White man in) Hammersmith Palais, um dos temas mais carismáticos do reggae branco de que os Clash foram precursores. Aliás, já na versão inglesa do disco vinha incluída uma versão magnífica de Police and thieves, de Junior Murvin. Não nos esqueçamos que Londres – e em particular a zona de Notting Hill e Portobello, onde os membros da banda residiam – tem uma numerosa população caribenha, razão pela qual o punk e a new wave ingleses (contrariamente ao norte-americano) sempre andaram de mãos dadas com o reggae e o ska. Que o digam os Specials, os Madness, Joe Jackson, Elvis Costello, os Pretenders, os Bad Manners, os Police & etc, etc, etc....
E já chega de treta. Querem saber mais sobre este disco, ouçam-no. É fácil, é barato e dá um gozo do caraças. Ou então dêem uma espreitadela nos clips das canções que estão linkadas. É que já não se faz disto como antigamente.

09 fevereiro 2007

Caixa de Clips 010 - Talking Heads / Crosseyed and painless (1980)

Na minha adolescência, como em quase todas, a banda sonora teve um papel fundamental. Adolescente que se preze fica durante horas fechado no quarto a ouvir repetidamente os seus discos até os saber de cor, palavra por palavra e acorde por acorde.
Quando tinha 16-17 anos, uma das minhas bandas favoritas eram os Talking Heads. No mesmo patamar só estavam os Joy Division e os Echo (por estranho que agora isso me pareça, os Velvet e os Clash chegaram um bocadinho mais tarde). Tinha e tenho todos os discos deles, e ainda hoje não sei dizer qual é o meu favorito: o nervoso More songs about buildings and food, o inquietante Fear of music ou este Remain in light, que abriu à juventude branca o mundo de possibilidades oferecido pelos ritmos negros (um bocadinho como os Stone Roses voltariam a fazer quase 10 anos depois, nos avassaladores minutos finais do seu disco de estreia). Poucos jovens caucasianos se interessavam, à altura, por funk como aquele que os Heads nos ofereciam aqui, muito simplesmente porque continuava a ser uma música de ghetto que não chegava à TV e muito menos aos tops. O fenómeno breakdance ainda estava para rebentar, e alguns anos passariam antes que o Rap (na altura não se falava em hip-hop) desse o salto para o mainstream - falo evidentemente do momento em que Rick Rubin (que 10 anos mais tarde seria o grande obreiro da ressurreição de Johnny Cash) se lembrou de pôr Run-DMC a fazer um dueto com os Aerosmith nesse hino à iniciação sexual chamado Walk this way. Mas tergiverso. A ideia é falar dos Heads, e não de chapéus de côco, Adidas sem cordões e jovens a transbordar de testosterona "goin' down on a muffin'".
Remain in Light encerra a trilogia de álbuns dos Heads produzidos por Brian Eno, que já tinha sido um colaborador imediato de Bowie na sua própria trilogia de Berlin (Low, Heroes e Lodger). Sem que isso o faça necessariamente um disco melhor do que os anteriores, nota-se um amadurecimento enorme do som da banda. Ainda que no Lado B (quem tiver menos de 30 anos é favor consultar uma enciclopédia para saber o que é isso) haja menos ritmos dançáveis, e até a tentativa, confessada por David Byrne, de copiar o som dos Joy Division sem nunca os ter ouvido, mas apenas pelo que lia sobre eles na imprensa (The overload, a faixa que encerra o disco), percebe-se pela primeira vez que os Heads tinham encontrado um som e que o queriam explorar até ao limite. É claro, desde os primeiros segundos de Born under punches, que estamos perante uma banda fascinada pelo ritmo, pelos diálogos frenéticos entre a guitarra-ritmo e a percussão, por coros que nos fazem lembrar canções tribais, pelo uso delirante das palavras, que muitas vezes têm um valor claramente mais fonético do que semântico - apesar da reputação de Byrne como um dos letristas mais brilhantes da cena new-wave.
Duas das faixas mais imediatas do disco proporcionaram dois clips invulgarmente originais para os padrões da altura: o brilhante, marcante e inesquecível Once in a lifetime (que podem ver em link), e este Crosseyed and painless, que resolvi destacar por ser menos conhecido e por nos recordar de onde vinha a música que estes quatro nerds intelectualóides brancos tocavam. Ambos têm a mãozinha de Toni Basil (de quem já falei aqui), como coreógrafa e co-realizadora. E são um regalo para a vista e para os ouvidos.
Enjoy!

03 fevereiro 2007

Até para a semana

e portem-se bem na minha ausência.

21 janeiro 2007

Discos Perdidos 06 / Jonathan Richman - I, Jonathan (1992, Rounder)

Jonathan Richman é o que todos gostaríamos de ser: simpático, de bem com a vida, divertido, descontraído, inteligente, bom compositor, descomplexado, cool. Ou pelo menos um tipo de quem gostaríamos de ser amigos, que gostaríamos de convidar para jantar, com quem gostaríamos de ir beber um copo ou ver um concerto e conversar sobre coisas que interessem pouco ao destino do mundo. É um tipo porreiro. Ou pelo menos é o que parece. Basta olhar para a foto da capa.
Depois de ter sido a alma dos Modern Lovers, uma das melhores e mais influentes bandas da primeira vaga do proto-punk nova-iorquino, JR iniciou uma carreira a solo que tem tanto de diversificada como de errática. Do garage-pop para o country, dos ritmos mais latinos à balada amorosa, o homem fez de tudo. Normalmente bem, mas (como toda a gente) algumas vezes melhor do que outras. Até deu uma perninha no cinema: pouxem lá pela cabeça e vejam se não se lembram do bardo do "Doidos por Mary", que ia apresentando a história? É ele mesmo.
I, Jonathan foi lançado em 1992, o momento do crossover entre o alternativo e o comercial com a bomba Smells like teen spirit e a explosão do grunge, a que se seguiria pouco depois a do britpop. Correntes associadas a bandas que passavam por alternativas, mas que vendiam que nem pão-de-ló, e que normalmente escreviam sobre temas caros aos adolescentes: neuroses, desemprego, depressões, males de amor, complexos de adolescentes, I'm so ugly, She's so high, I'm your Zero e patatipatata. Nessa altura, Jonathan Richman fez o que tinha a fazer: continuou o seu caminho sem se importar com o último grito da moda. Apareceu com um disco num registo completamente lo-fi, mas sem quaisquer pretesões arty, que parece gravado na cave de algum amigo, com canções simples sobre coisas simples. O disco abre com uma linha de baixo que traz imediatamente à memória o Summer Nights cantado muitos anos antes por Olivia e Travolta, e nessa canção faz-se imediatamente o manifesto de intenções: “Hi everybody! I'm from the 60's, the time of Louie Louie and Little Latin Lupe Lu. And I know we can't have those times back again, but we can have parties like there were then. We need more parties in the USA!” Afinal, não é isso que interessa?
O disco desfia continuamente pequenas pérolas, entre homenagens à maior de todas as bandas (“How in the world were they makin’ tht sound?... Velvet Underground!”), apelos à paz no mundo e no lar (“You can't talk to the dude and that's no longer in style, you can't talk to the dude, no this no es normal.") e memórias da juventude (“Oh, the ancient world was in my reach from my Rooming house on Venice Beach”). Mas há dois momentos claramente superiores. O primeiro, que podem ver aqui em baixo numa versão ao vivo, é a genial I was dancing in a lesbian bar, uma das canções mais uplifting dos anos 90. O segundo é talvez a melhor canção que este senhor jé escreveu (e a concorrência é forte), e chama-se That summer feeling. Nem sequer vou tentar descrevê-la, porque é demasiado perfeita. Ouçam-na, se quiserem. Esta manhã estava a ouvir este álbum e apareceu lá por casa um amigo que tem a sorte de ter o maxi-single dessa maravilha. E disse que esse vinil, o último que teve depois de centenas de vinis comprados, emprestados e gamados no Corte Inglês (de Vigo) entre os 10 e os 25 anos veio fazer a síntese final de todos os outros. Belas palavras... but I guess that’s why they call him an artist!
Mas chega de tretas sobre este Peter Pan do Rock'n roll. Descubram-no e entrem na sua Neverland.
PS - A ideia de fazer este post veio de dois posts em blogs amigos. O primeiro foi este, no recente (e muito promissor) April Skies. O segundo foi este, em que (apesar de a discussão que se seguiu ter descambado para outras coisas) o Sr. Capitão falava de bandas de que toda a gente gosta. Depois de ouvirem este disco, vão perceber que é impossível não gostar dele.

08 janeiro 2007

The Kings were born

8 de Janeiro de 1935: nasce em Tupelo, Mississippi, Elvis Aron Presley. Se não tivesse morrido em 1977, completaria hoje 72 anos. É o Rei.
8 de Janeiro de 1947: nasce em Brixton, sul de Londres, David Robert Jones, que a partir de 1966 passaria a ser conhecido como David Bowie. Faz hoje 60 anos. Também é o Rei.
A C-70 inicia a sua singela homenagem aos Reis recordando duas grandes canções de duas das suas bandas preferidas que homenageiam os locais que os viram nascer.

Nick Cave, "Tupelo" (Live 1994)

The Clash, "Guns of Brixton" (live)

21 outubro 2006

Especial Clara

A C-70 celebra neste momento o seu centésimo post.
E de que melhor forma poderia fazê-lo do que saudando a chegada da minha terceira sobrinha-neta? Está previsto que o acontecimento tenha lugar dentro de umas poucas horas. Assim será. A ciência seguirá o seu rumo imperturbável.
Benvinda, Clara! Que sejas uma punk rocker, como a Sheena. Que andes mais rápido que a luz, como profetizam os B-52's.
O mundo é teu!