11 setembro 2007

Roses for the Stones

Pela enésima vez, a Mojo do mês passado trazia o Keith Richards na capa e um artigo de fundo sobre os Stones, colorido com o top-50 das suas canções, elaborado e comentado por outros músicos. Como não podia deixar de ser, isso deixou-me a matutar sobre o meu top pessoal, tendo constatado que (mais coisa menos coisa) as minhas preferidas estavam lá quase todas.
Desde o Undercover que não ouço um disco dos Stones do princípio ao fim. Mas mesmo fazendo de conta que eles acabaram há 25 anos e que coisas como o Anybody seen my baby, o Mixed emotions ou o Don't stop nunca foram escritas, nos (tipo) 20 anos anteriores há um acervo verdadeiramente obsceno de grandes canções. Então o período entre 66 e 78, entre o primeiro álbum de originais (Aftermath) e o último verdadeiro grande disco que fizeram (Some girls) é impressionante em temos de relação quantidade/qualidade. Pouquíssimos artistas ou bandas tiveram um período tão longo de génio criativo, com tanta produção e uma qualidade relativamente uniforme. Assim de repente, vem-me à cabeça (além do Bowie, claro) o Nick Cave, os Sonic Youth, o Dylan e poucos mais. A maioria fica-se (nos melhores casos) por 3 ou 4 grandes discos, e eventualmente mais uma meia dúzia que não envergonha - e falo aqui de gente que me é tão cara como os Clash, os Echo, os Pavement, o Cohen ou os Tindersticks.
Tudo isto para dizer o que já toda a gente sabe, mas de que às vezes nos esquecemos (lá está, são estes malfadados últimos 25 anos) : os Stones foram mesmo uma das maiores bandas de rock'n roll de todos os tempos, e sem eles o rock tal como o conhecemos não seria de certeza o mesmo. De qualquer modo, há canções que resistem muito melhor do que outras ao "teste Blister in the sun", que mede a capacidade de não provocar náuseas após 10.000 audições. É que há coisas históricas como o Satisfaction ou o Let's spend the night together que pura e simplesmente já não me dão gozo nenhum. Muitas escolhas pessoais têm mais a ver com o prazer que conseguimos continuar a retirar de uma obra que já conhecemos de cor do que com a importância ou a qualidade intrínseca das canções.
Dito isto, eis o meu top-10 (com menções honrosas para o Bitch, o Can't you hear me knocking, o Jumping Jack flash e o Ruby Tuesday, já que não podiam caber todas):

10 : She's a rainbow
09: Beast of burden
08: Sympathy for the devil
07: Gimme shelter
06: Doo doo doo doo doo (heartbreaker)
05: Paint it, black
04: Honky tonk women
03: Tumbling dice
02: Moonlight mile

A minha preferida é uma que de vez em quando tenho que cantar ao Filipe, numa clara demonstração de como o rock pode ser pedagógico. Nos tempos em que fumava acendia sempre um cigarro quando ela começava, porque sabia que iam acabar ao mesmo tempo. E claro que quem viu o The big chill nunca mais se esquecerá que esta também era a canção preferida do Alex.

5 comentários:

Ricardo Salazar disse...

É curioso... talvez depois da Mojo ( e de facto de já estar farto da repetição stones / dylan / beatles ) tenho andado a fazer a minha terapia quase diária de trucidar a minha viola acústica com as minhas mãos de cimento com pautas dos stones tiradas da net.

E algumas das que estão aqui, são das que têm sido tocadas / assassinadas. Top 10 é difícil, mas de repente aqui vai:


A pré hstória antes dos Pedidos Satânicos

Route 66
Little Red Rooster
Play with Fire

O período de B.Jones

Paint It, Black
Under my thumb
She Smiled sweetly
2000 light years from home

A Era Jimmy Miller

Jumpin Jack Flash
honky tonk women
Sympathy for the devil
No expectations
gimme shelter
You can always get what you want

O Período Keith Richards

Can´t you hear me knockin´
Tumbling Dice
Shine a Light

Pós modernidade

Fool to Cry
Miss You*
Shattered
Emotional Rescue
Waiting on a Friend


* que o mini acaba de dizer que é das melhores músicas que existe

M.A. disse...

Confesso que nunca tive grande pachorra para certos tiques de sir Mick. Nos tempos recentes, se é que isso interessa, já não posso ver o cadáver do Keef nem pintado.
Eu é mais Beatles, como sabes (e Kinks também!).
Porém, e sem destacar álbuns, têm um punhado de temas que me tocam o âmago, a saber:

- Paint it, black (obviamente)
- Gimme shelter
- She smiled sweetly
- Sympathy for the devil
- She's a rainbow (esta é TÃO Beatles!)

Joe disse...

O Miss you é fantástica, mas entra naquela categoria de canções que ouvi tantas vezes que me fartaram um bocadinho. O Waiting on a friend é soberba, merecia uma menção.

Se o She's a rainbow tivesse sido gravada pelos Beatles tinha ficado uma cena tipo Hey Jude, com shalalalas e flautas. O que acho fantástico nela é que, tendo uma melodia tão "catchy", desafia completamente a estrutura tradicional de uma canção pop/rock. Havia uma discoteca em Coimbra chamada States de que há muitos anos era assíduo frequentador onde a costumavam passar encadeada com o Sweet Jane e com o Ziggy Stardust. Se fosse comentador de futebol diria que nesses momentos acontecia magia na pista.
Hugs

Shumway disse...

Difícil foi conseguires selecionar só 10.
Sou fã dos Stones da fase 1967/8-1973, apesar de ter mais alguns discos, mas o último que tenho é o "Undercover".
Os favoritos obvios são o "Let It Bleed", "Sticky Fingers" e o "Exile.."

Gostei de ver o "Doo doo doo doo doo (heartbreaker", pois o "Goats.." é um disco que aprecio particularmente mas que muitas vezes é esquecido, deve ser por ter a lamechas "Angie" :)

Abraço

Joe disse...

O meu preferido é o Sticky Fingers. Apesar de ser o preferido dos críticos e de muitos fãs, confesso que o Exile me cansa um bocado, é demasiado comprido.
E calro que aos que referiste junto o Beggars, que tem érolas como o Sympathy..., o Street fighting man ou o Salt of the earth.