Mesmo a queimar o prazo, como de costume, este vosso amigo deixa aqui aqueles que considerou os discos e as canções mais relebantes do ano que se finda dentro de poucas horas. É mais ou menos consensual que foi um ano apenas razoável, em que houve melhores singles do que albuns. Alguns velhinhos consagrados fizeram discos que pessoalmente me decepcionaram: foi o caso de Beck, Breeders, Nada Surf, Stephen Malkmus e dos dEUS. Muitos rookies recentes não conseguiram segundos álbuns à altura das promissoras primeiras obras, como aconteceu com as CSS, com Albert Hammond Jr., com os Fujiya & Miyagi ou os Raconteurs. Surgiram no entretanto muitas e boas novas promessas/confirmações para os anos musicais vindouros, dos quais são exemplos os Taken by Cars, Black Kids, Vampire Weekend, Glasvegas, Mystery Jets, Ting Tings, MGMT, Tilly and the Wall ou Last Shadow Puppets.
Mas vamos lá a por os números aos bois e a fazer a lista dos 20 álbuns de 2006. Claro que se trata da minha lista, querendo eu dizer com isto que o critério pelo qual os discos estão ordenados é o facto de eu ter gostado deles mais ou menos - o que a torna extremamente discutível, rigorosamente tanto quanto qualquer outra lista dos milhões que andam por aí. E claro que há por aí muito disco a que ainda não dei a devida atenção, e que só em 2009 terão o seu espaço nos 120G do belo iPod classic que o bom Pai Natal me ofereceu. Aí vêm eles então:
20. Portishead - Third 19. MGMT - Oracular Spectacular 18. TV on the Radio - Dear Science 17. Bloc Party - Intimacy 16. Gutter Twins - Saturnalia 15. Mystery Jets - Twenty One 14. Foals - Antidotes 13. Kings of Leon - Only by the night 12. Ladytron - Velocifero 11. Sons and Daughters - This Gift
10. Last Shadow Puppets - The age of the understatement 09. Nick Cave and the Bad Seeds - Dig, Lazarus, dig!!! 08. Primal Scream - Beautiful future 07. Glasvegas - Glasvegas 06. Black Kids - Partie Traumatic 05. Vampire Weekend - Vampire Weekend 04. Taken by Cars - Endings of a new kind 03. The Duke Spirit - Neptune 02. Spiritualized - Songs in A&E
e o meu disco do ano foi
Sendo um tipo com gostos mais ou menos conservadores, que gosta sobretudo de rock feito de boas canções, guitarras e de um cheirinho grandiloquente, a minha escolha é mais ou menos previsível. Ao terceiro álbum, os BSP deixaram de se considerar reféns das suas bandas de referência do post-punk (sobretudo dos Sound e dos Psychedelic Furs, que de resto são boas referências em qualquer casa de família) e conseguiram atingir a quase perfeição pop-rock num disco que não tem pontos baixos. E que começa e acaba com um coda, como eu tanto gosto. Epá, chamem-me piroso se quiserem, o que é que eu hei-de fazer?...
Para terminar o balanço, deixo aqui 30 canções (sem qualquer ordem) que neste ano me ajudaram a viver um bocadinho melhor o tempo de crise que se sente. A minha canção do ano é aquela cujo clip podem ver lá em baixo.
Um grande, grande 2009 para todos. Que seja um beautiful future, gritado primitivamente a plenos pulmões.
Black Kids - I'm not gonna teach your boyfriend how to dance with you
A administração do estabelecimento deseja a todos os colegas, amigos, companheiros, camaradas, simples conhecidos e a quem quer que passe por aqui, mesmo que seja sem querer, um Natal como manda a sapatilha. Aproveitem, que não sabemos se para o ano vai haver bacalhau.
2008 começou em grande estilo, com concertaços atrás de concertaços, e assim se manteve até ao verão. Depois o ritmo abrandou, mas ainda a tempo de se verem 2 ou 3 coisas bem apetitosas. Confiram os 15 concertos que mais fizeram saltar o vosso bom Joe, mesmo nos poucos casos em que se viu obrigado a estar sentado. E fiquem a saber que o concerto mais decepcionante do ano foi o dos Tindersticks no Festival Sw.
14 - Femme Fatale (Abril, Plano B) 13 - Mão Morta (Novembro, Auditório S. Bento de Menni - Barcelos) 12 - The National (Julho, Guimarães) 11 - The Kills (Abril, Casa da Música) 10 - Franz Ferdinand (Agosto, Festival Sw) 9 - Nick Cave & the Bad Seeds (Abril, Coliseu) 8 - Emir Kusturica & No Smoking Band (Janeiro, Coliseu) 7 - Lightspeed Champion + Vampire Weekend (Maio, Casa da Música) 6 - John Cale (Maio, Casa das Artes de Famalicão) 5 - Portishead (Março, Coliseu) 4 - Go! Team (Janeiro, Casa da Música) 3 - Lemonheads (Outubro, Santiago Alquimista - Lx) 2 - Nada Surf (Fevereiro, Vigo)
E o concerto do ano C70, sem margem para hesitações, foi...
Primal Scream (1 de Agosto, Festival PdC)
Esta rapaziada tansformou o palco principal de Coura numa verdadeira celebração do que devia ser sempre o Rock'n Roll. Garra, entrega total, groove, uma setlist irrepreensível com os hits incontornáveis entremeados com outros grandes temas (ainda me arrepio quando penso no momento em que foi tocada a sobre-extraorinária I'm losing more than I'll ever have) e com as inevitáveis canções do excelente álbum que estava a ser promovido. Os Editors tocaram antes e não tinham estado nada mal, mas confesso que a memória desse concerto foi quase apagada pelo furacão Gillespie que veio a seguir, e que me fez saltar sem parar durante quase duas horas. Um daqueles concertos de que nunca me vou esquecer, até porque foi a primeira vez que vi uma das minhas bandas preferidas. Demais!
E pronto. A C70 começa aqui a cumprir aquela que é a obrigação de qualquer blogue que se preze: fazer o balanço do ano que está a acabar, dizer do que gostou mais, do que gostou menos e do que não gostou mesmo nada. E considerando que aqui se fala quase exclusivamente de música, nada como começar por falar de cinema.
Uma nota apenas: a lista tem em conta os filmes que foram vistos em salas de cinema em 2008, incluindo naturalmente alguns produzidos em 2007 e mesmo um de 2006.
Ora aí estão os 15 filmes mais apreciados chez Joe nestes últimos 11 meses e 2/3.
15 - Bolt (Byron Howard, Chris Williams) 14 - No vale de Elah (Paul Haggis) 13 - O orfanato (Juan Antonio Bayona) 12 - Este país não é para velhos (Joel Coen) 11 - Juno (Jason Reitman) 10 - Wall-E (Andrew Stanton) 9 - O comboio das 3.10 para Yuma (James Mangold) 8 - Haverá sangue (Paul Thomas Anderson) 7 - Gomorra (Matteo Garrone) 6 - 12:08 a este de Bucareste (Corneliu Porumboiu) 5 - Aquele querido mês de Agosto (Miguel Gomes) 4 - Em Brugges (Martin McDonagh) 3 - Mist - nevoeiro misterioso (Frank Darabont) 2 - Antes que o diabo saiba que morreste (Sidney Lumet)
and the C70 oscar goes to...
Do outro lado (Fatih Akin)
O filme de que mais gostei este ano fala dos encontros e desencontros da vida. Desencontros entre pais e filhos, entre culturas e linguagens, entre a pureza dos ideais e a dura realidade, entre o ímpeto e a serenidade, entre o empenho que colocamos na concretização dos nossos planos e o acaso que os impede. Um filme belíssimo, daqueles que não se esquecem e que ganham mais qualquer coisa de cada vez que nos lembramos dele.
Prémio especial "banhada do ano": Uma segunda juventude (Francis Ford Coppola); ainda hoje me pergunto como é que aquilo foi possível?
Nesta altura do ano as conversas acabam por ir parar quase sempre ao mesmo sítio: "está um frio que não se pode ter nada de fora"; "o subsídio de natal já se foi"; o clássico "como de costume o benfica já está a levar no canastro"; ou o clássico dos clássicos "então quais são os discos do ano?"
A lista C70 dos melhores de 2008 está em maturação, e tenho-me aprecebido de alguns bons discos a que não dei a devida atenção, e cuja audição cuidada terá que ficar para outras calendas. As listas das revistas e blogues mais considerados pela administração deste tasco já andam por aí, e tenho visto nos lugares cimeiros discos que não me tocaram particularmente: o novo dos Portishead, Fleet Foxes, MGMT, Cut Copy, The Bug, Bon Iver... gostei mais de uns do que de outros, mas nenhum destes estará no meu top.
Quem vai estar no meu top5 são estes meninos, que editaram em 2008 um disco do caraças e que tem passado ao lado das listas. Direi mesmo que é dos melhores discos de rock lançados por uma banda britânica nos últimos anos: Neptune, dos Duke Spirit. Estranhamente nunca tinha falado deles aqui, apesar de os seguir já há bastante tempo e de me deliciar com este disco desde que saiu.
A melhor descrição que consigo arranjar para a música dos Duke Spirit é a de uma espécie de Gun Club menos viscerais liderados por uma Bjork loira, que contrariamente a esse badejo islandês não tem a mania que sabe fazer habilidades com a voz. E toca pandeireta, coisa que como se sabe deixa imediatamente qualquer gajo desorientado.
Mas adiante: os Duke Spirit andam mais ou menos na mesma onda dos Sons and Daughters ou dos Kills, bandas que também lançaram este ano discos muitíssimos recomendáveis. Infelizmente ainda não estiveram cá por Portugal a dar um ar da sua graça, mas vamos ter esperança que isso não demore - Kraak, fico à espera que cumpras a promessa.
Hoje é daqueles dias em que nem o cinzento do céu encobre o azul que nos vai na alma. Daqueles dias em que acordamos bem dispostos e nos apetece cumprimentar as pessoas na rua, em que até as capas da Bola e do Record nos fazem sorrir. Um dia em que na nossa cabeça ouvimos violinos e pandeiretas e bonitas melodias pop. Como esta.
Vi estes moços no fim de semana passado no Razzmatazz, em Barcelona. Catitas, apesar de a audiência estar mais interessada em socializar e beber o seu copo do que no concerto.