Fui hoje ver o Little Miss Sunshine. O título português é tão absurdo que nem o vou reproduzir (quase ao nível da inesquecível tradução do Purple Rain para "Prince, o rocker"). Mas não vim para aqui falar de traduções. Vim só dizer que é absolutamente imperdível, a mostrar que o grande Wes Anderson (Rushmore, The Royal Tennenbaums, The life aquatic with Steve Zissou) está a fazer escola e a inspirar talentos. Até á data, a dupla Jonathan Dayton e Valerie Faris só tinham realizado uma mão cheia de clips de algumas bandas comercialmente importantes (Smashing Pumpkins, RHCP, Offspring, Weezer, REM, etc.), sendo esta a sua primeira verdadeira aventura na longa metragem.
Em boa hora o fizeram. Little Miss Sunshine é uma comédia sobre a mais acabada de todas as famílias de losers, que resolve empreender uma viagem numa carrinha VW, em condições no mínimo sofríveis, para que a anafada petiza possa participar num concurso de misses infantil. Tudo o que se segue anda sempre na ténue fronteira entre o cómico e o patético, sendo por vezes enternecedor sem nunca descambar para a lamechice do "somos uma família e isso dá-nos força para superar todos os obstáculos". Não vou contar detalhes do filme, mas creio que posso adiantar que no final estão todos em pior situação do que estavam no início, mas mais felizes porque aprenderam a estar-se nas tintas para o fato de serem uns tristes. Aprendem a fazer aquilo que é a ambição de toda a gente: fazer as figuras de urso que lhes apetece sem quererem saber do que pensa o resto do povo.
Poderiam fazer coro com o Sr. Hansen, aqui em baixo, rindo enquanto cantam "Soy un perdedor, I'm a loser baby, so why don't you kill me?"
8 comentários:
1) loser quer dizer muito mais do que perdedor
2) sinceramente, nao consigo encontrar nenhuma palavra em portugues que exprima tal conceito
3) a sociedade americana poe mesmo muita pressao sobre os seus cidadaos
A melhor tradução que me ocorre para 'loser' é falhado, embora também não seja a tradução perfeita (se é que isso existe). Por isso mesmo optei por manter a palavra no original. É aquilo a que em português corrente se chama um triste, ou talvez com mais propriedade, um merdas.
Quanto à pressão da sociedade americana, não sei se é maior do que a exercida no comum das sociedades ocidentais, a nossa incluída. Eles fazem é mais (e melhores) filmes que os outros, e por isso temos a impressão que lá há mais freaks que no resto do mundo.
Entretanto fui espreitar o teu blogue e, ao que parece, estás aí no meio dos freaks. Austin, Texas, right? Isso quer dizer que sabes bem melhor do que eu do que falas...
Vou passar mais vezes a ver o que entra e sai do teu ipod.
Concordo em género e em grau. Filme imperdível, mesmo.
eu quero muito ver esse filme.
Tentei este fim de semana, com a minha senhora, mas... Oh! Aveiro, tanto por responder...
Neste momento sou um confesso fã do Wes Anderson e da escola que ele professa.
Perdoem-me a citação, mas nos prenúncios de final de era que atravessamos, acho mesmo que rir é o melhor remédio, como diziam as seleções dos leitores...
Se puder ser feito com classe e ser visualmente atraente, melhor.
P.S. Mais do que loser, prefiro "underdog".
O loser é o underdog da geração X. É o novo punk rock´n´roll nigger, dos 70´s do século XX.
É o "desperado", dos 70´s do Séc.XIX.
É o revanchista liberal dos 70´s do séc. XVIII.
É o corsário dos anos 70 do século XVII.
...."outside the society...they´re waiting for me..."
...that's where I wanna be!
ainda não li o teu post mas adorei o filme
O filme é mt fixe, surpreendente, divertido e ensina-nos que “o mundo é um eterno concurso de beleza”...
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