07 janeiro 2008

country roads

tenho para mim que as circunstâncias da morte de Gram Parsons (com 27 anos, de overdose e no meio do deserto) são a principal causa do culto que lhe é dedicado, e que provavelmente a sua obra não justifica. além de que quem usa um fato branco às flores tem muito que explicar. mas pronto, isto é apenas a minha opinião.
seja como for, e para além de ter sido um dos responsáveis por essa coisa híbrida a que se resolveu chamar country-rock (e que desde então tem proporcionado ao mundo algumas pérolas no meio de muito, muito lixo) deixou-nos meia dúzia de grandes canções. acima de todas, uma canção verdadeiramente soberba, chamada "a song for you", que aplica ao country o princípio que pouco depois os ramones aplicariam ao rock: dois acordes e uma melodia podem ser suficientes.


Gram Parsons - A Song for You
A propósito de gente sobrevalorizada, os Whiskeytown e o inefável Ryan Adams têm uma versãozita sofrível desta maravilha. Também cá fica, para não dizerem que aqui não reina a democracia.


Whiskeytown - A Song For You

(este post pretende ser o primeiro de mais uma das efémeras rubricas que a C70 vai tendo e deixando de ter; como o próprio nome indica, a dita cuja será dedicada a cenas aparentadas, mais de perto ou mais de longe, com a country... whatever it means)

4 comentários:

M.A. disse...

Em relação ao Ryan Adams prefiro usar o adjectivo irregular. Se o rapaz consegui-se por um travão à incontinência criativa de que padece, talvez tivesse uma discografia. No entanto, já nos deu uma obra-prima (Heartbreaker), um disco muito bom (Gold) e um relativamente interessante (Love is Hell).
Quanto aos Whiskeytown, não podia estar mais em desacordo. Acho que ambos os álbuns são excelentes. E é preciso lembrar que na altura não havia o excesso de oferta que há hoje dentro do género.

Abraço

Shumway disse...

Joe, penso que a palavra usada pelo M.A. (irregular) encaixa perfeitamente no trabalho do Ryan Adams, pois já nos deu discos muito bons ("Heartbreaker","Gold") e essa aberração que "Rock'n'Roll".

Quanto ao Gram Parsons, acho que o facto de ter passado numa fase transacional pelos Byrds e pelos Burritos, também reforçou esse Culto.

Abraço

Joe disse...

Confesso que nutro pelo Ryan Adams uma irritação mal fundamentada. Por alguma razão antipatizei com o gajo, e por isso nunca me dei ao trabalho de ouvir os discos com atenção. e a verdade é que das vezes que tentei não fiquei muito impressionado.
mas sendo vocês pessoas de reconhecido e prezado bom gosto, qualquer dia hei-de dar mais um opotunidade ao moço :)
Abraços

M.A. disse...

Oops! Parece-me que me faltou ali a conclusão de uma das frases. Mas acho que deu para perceber a ideia.
Fico então à espera do veredicto final sobre o "Heartbreaker". Vais ver que só fazes bem em dar-lhe uma segunda oportunidade.