31 maio 2006

Quote of the day - David Bowie / Rock'n'roll suicide

Time takes a cigarette, puts it in your mouth
You pull on your finger, then another finger,
then your cigarette,
The wall-to-wall is calling, it lingers, then you forget
Ooooh, you're a rock 'n' roll suicide
Ouvi na rádio que hoje é o dia mundial sem tabaco, que se junta ao dia mundial do não fumador e a mais uns quantos dias nacionais e internacionais de campanha contra o cigarrito. Sinto-me no dever cívico de deixar aqui o meu pequeno contributo.
Durante 12 anos fumei um maço de Gauloises Blondes por dia. Sabia-me bem, mas sabia que me fazia mal. Como todos os fumadores, consumia muito mais cigarros do que aqueles que de facto me apeteciam. Era caro. Entretanto a Inês engravidou e o Filipe ia nascer. Ao pai responsável juntou-se a mulher-chata-com-enjôos que me mandava fumar para a janela, e tudo somado achei que era uma boa altura para tentar deixar. Deixei.
Ora bem, desde esse dia 12 de Janeiro de 2002, em que fumei o último cigarro depois de ver o Porto empatar em casa 2-2 com o Sporting, engordei uns 8 ou 9 quilos. Passei a comer rebuçados e a beber mais cervejas, e ganhei uma barriga que nunca tinha tido. Canso-me mais do que quando fumava. Constipo-me mais do que antes e tenho mais alergias. E ainda não me passou, quatro anos e meio depois, a vontade de pegar no cigarro. Sonho frequentemente que estou a fumar e acordo com uma traça do caraças.
Em compensação, é certo que poupo uns cobres todos o dias. Que não sujeito a Inês e o Filipe ao fumo dos meus cigarros, o que é bom. E que talvez um dia venha a descobrir algum benefício desta opção para o meu próprio bem-estar. A esperança é a última que morre, como eu pensei até ao fim do tal Porto-Sporting que acabou 2-2.
Afinal, quem diria que dois anos depois ia ganhar a Liga dos Campeões?

28 maio 2006

Caixa de Clips 003 - Duran Duran / Careless Memories (1981)

Os Duran Duran são a banda new-romantic por excelência. Aliás, a expressão foi roubada a uma linha do seu primeiro single, a imortal Planet Earth. Apesar de, na altura como hoje, serem olhados de lado como uma espécie de boys-band para teenagers histéricas, o facto (e reparem que não é uma opinião, é um FACTO) é que estes 5 rapazes de Birmingham conseguiram nos seus dois primeiros álbuns alterar o sentido da música pop da primeira metade da década. Não foram só as grandes canções (Careless memories, Girls on film, Night boat, Anyone out there, Rio, Hungry like the wolf, Save a prayer, My own way... querem que continue?), foi uma atitude nova e um look novo (por muito datado e piroso que hoje inevitavelmente pareça), e foi trazer novamente a pop em estado puro e despretensioso para a rua, depois de 5 anos de cristas na cabeça e alfinetes de ama na bochecha.
A escolha de um clip não foi fácil. Acabei por decidir-me por esta, o seu segundo single , por duas razões: por um lado sempre foi, das minhas favoritas, a que menos passava nas rádios e discotecas; por outro, porque está inexplicavelmente ausente do DVD Greatest. Por esta mesma razão deixo ainda o link para um outro clip, que nos idos de 82 passou qualquer coisa como 6 meses no 1º lugar do Top-TNT, sendo assim visita regular lá de casa todos os sábados ao fim da tarde. Enjoy!


My own way (1982)

26 maio 2006

Quote of the day - Franz Ferdinand / The dark of the matinee

Find me and follow me
Through corridors, refectories and files
You must follow, leave this academic factory
You will find me in the matinee
The dark of the matinee
It's better in the matinee
The dark of the matinee is mine,
Yes it's mine

Este vosso amigo acabou ontem as aulas.
É bem verdade que ainda está para vir a parte mais negra,



que é a de corrigir exames e fazer orais.
De qualquer forma agora vai dar para ir a uma ou outra matinée no Bom Sucesso. Eia, eia!

23 maio 2006

Quote of the day - Velvet Underground / Venus in Furs

I am tired, I am weary,
I could sleep for a thousand years
A thousand dreams that would awake me
Different colors made of tears

Hoje sinto-me mesmo cansado.
Mesmo cansado.
Mesmo.
M


OK, não tem nada a ver com a canção a não ser o título. So what?
(Já agora, alguém conhece o filme?)

20 maio 2006

O Artista da bola / Parte 2 - agora a cores

Já sabem como a C-70 aprecia os dotes do nosso Cristiano Ronaldo, brinquinho e madeixa incluídos. Não é a única. Os bifes apreciam ainda mais, e divertem-se bastante com isso. E eu divirto-me com eles.
Já há uns 2 anos, um programa inglês criou uma série chamado The adventures of Cristiano Ronaldo, de que fez (pelo menos) 5 sketches. Dada a actualidade do tema, aqui ficam eles para gáudio do nosso vasto auditório, com os votos de um bom fim de semana.


Ep. 2
Ep. 3
Ep. 4
Ep. 5

19 maio 2006

Caixa de Clips 002 - Toni Basil / Mickey (1982)

Toni Basil já tinha uma carreira sólida como coreógrafa e várias tentativas falhadas de iniciar uma carreira como cantora quando este Mickey chegou a nº 1 nos EUA e nº 2 em Inglaterra. Tinha entrado (como actriz) no mítico Easy Rider, coreografado sucessos como American Grafitti e The Rose, a Diamond Dogs tour de David Bowie em 1974 (uma das digressões mais megalómanas jamais feitas) e iniciado uma carreira como realizadora de clips, que incluia o clássico Once in a lifetime, dos Talking Heads. Nada fazia prever que uma versão de uma canção de 1979 chamada Kitty (em que a protagonista era portanto uma rapariga) viesse a redundar num dos primeiros mega-sucessos propulsionados pela MTV.
O clip é muitíssimo inovador para os padrões de 1982. Tem mais animação, cor e movimento do que então se via, um conceito que apelava à mais genuína essência dos adolescentes dos EUA(nem a coca-cola é mais tipicamente americana do que cheerleaders) e, claro, um grande tema new-wave. Foi só uma mas foi das boas, Toni... Enjoy!


16 maio 2006

Quote of the day - Suzanne Vega / Cracking

And something is cracking, I don't know where
Ice on the sidewalk, brittle branches in the air
The sun is blinding, dizzy golden, dancing green
Through the park in the afternoon, wondering where the hell I have been

Já foi há mais de 20 anos. Lembro-me que andava no 11.º, portanto foi por 85 ou 86. Ouvia este disco quase obsessivamente. Especialmente este Cracking, que abria.

Na altura só se arranjava em importação. Foi caro como o caraças, mas valeu a pena.

12 maio 2006

Quote of the day - Grant Lee Buffalo /Jupiter and Teardrop

And they want to have a child
Walk together down the aisle
But the world they live in is mean
And it’s built on sheer denial
The phone rings it’s for her
Got to see ya jupiter
I’m in trouble with the law
Bring my 38 caliber



Não é preciso nenhuma razão especial para ouvir esta canção fantástica, neste álbum fantástico.

Mas hoje por acaso até há uma. Ou dez.

08 maio 2006

Caixa de Clips 001 - Blondie / Dreaming (1979)

A C-70 inicia aqui um roteiro ilustrado de canções que de uma forma mais ou menos peréne deixaram a sua marca nesse período fantástico da música pop entre o surgimento do punk e a explosão da MTV. Digamos entre 77 e 83, pouco mais ou menos. Punk, new-wave, synth pop, new romantics ou o mais que lhe quiserem chamar, tudo isso passará por cá.
Nada melhor para começar o périplo do que uma banda que conseguiu como muitas poucas deixar um rastro de singles pop praticamente perfeitos, curiosamente dotados de letras absolutamente idiotas e que desafiam o menos dotado dos poetas. Quem se lembraria de gritar dramaticamente "when I met you in the restaurant, you could tell I was no debutante", ou de dizer "I would give you my finest hour, the one I spent watching you shower"? Eles lembraram-se, e acompanharam tais inanidades de canções tão boas que me fazem cantá-las sempre que as oiço.
O vídeo deste Dreaming (de que os Smashing Pumpkins têm uma versão) é um belo exemplar de fake live, género muito em voga nos 80's (quem não se lembra da cena do Dancing in the Dark em que o Boss puxava para o palco uma jovem moçoila, aparentemente incrédula e excessivamente maquilhada?), agora felizmente em vias de extinção. E a canção é uma das minhas preferidas da banda da loira Debbie. Enjoy!


*A C-70 deixa aqui o agradecimento sentido ao Sr. Designer Jota Gê, pela inestimável contribuição dada a este post. Bem-haja!

07 maio 2006

Especial Dia da Mãe

My my, how can I resist you??

Como filha da Mãe que é, a C-70 deixa um repenicado beijo de Parabéns a todas as Mães do mundo,
e dois especiais, triplamente repenicados, à minha Mãe e à Mãe do meu filho. Muitos beijinhos à Sra. D. Maria Francisca e à menina Inês!

06 maio 2006

Separados à nascença - uma história de sucesso familiar de dois gémeos que nem sabem que o outro existe

Lee Ranaldo, guitarrista e ocasional vocalista dos Sonic Youth









Pedro Emanuel, defesa central, capitão do FCP, pluri-campeão nacional, europeu e mundial








05 maio 2006

Quote of the day - Sonic Youth / Mote

When you see the spiral turning for you alone
And you feel so heavy that you just can't stop it
When this sea of madness turns you into stone,
A picture of your life shoots like a rocket
All this time,
Put "me" in the equation, it's alright
I've seen you moving in and out of sight
My friends tell me it'll all cut through you
From nowhere to nowhere,
Cut together, cutting through

Já há algum tempo que não me dava uma crise aguda de Sonicyouthtite como nestes últimos dias. Ontem e anteontem foram dias Goo,


onde está este cisco no olho que é bem capaz de ser a minha canção preferida deles.

Hoje é dia Experimental jet-set, trash and no star, talvez o mais sub-valorizado da seita sónica.

Get ready for some noise, my beloved wife!

01 maio 2006

Discos Perdidos 03 / Doves - The Last Broadcast (2002, Capitol)

É triste, mas é verdade: apesar de me esforçar, não consigo fazer que os portugueses dêem o devido valor aos Doves. Pelo menos aqueles a quem, bem intencionado, emprestei o excelente "Lost Souls", ou este ainda melhor "The Last Broadcast". Por alguma razão o rock semi-épico, saturado de guitarras e tributário dos Radiohead deste trio de Manchester não convence os rockómanos tugas. E não estamos a falar propriamente de uma pequena banda de terceira divisão. Os Doves são "habitués" das tabelas dos melhores do ano, esgotam digressões no Reino Unido e nos USA, e o álbum que se apresenta à vossa esquerda entrou directamente para o primeiro lugar do top inglês. Mas por cá ninguém lhes liga puto. E esta, hein?
Os Doves situam-se, em traços largos, naquela franja da britpop vinda após o sucesso mega-galáctico dos Radiohead, que mostrou que os discos de temáticas depressivas, composições cuidadas e arranjos sofisticados estavam novamente a vender que nem nem pãezinhos quentes, ainda que proviessem de bandas com vocalistas feios como a noite. É nesta linha que nos últimos 7/8 anos têm aparecido produtos como os soporíferos e ultra-sobre-cotados Coldplay, os chatos Starsailor, os insuportáveis Muse, os mariquinhas Keane ou os fugazes Travis (lembram-se?). Nada de que os Radiohead se possam orgulhar, e com certeza muito que terão a explicar quando o Altíssimo os chamar a prestar contas.
No meio desta tropa fandanga, surgem os Doves. Sem paneleirices, com um pop-rock directo, com atitude e com grandes canções. Com blusões e kispos apertados até cima, a barba por fazer e cara de quem toda a gente lhes deve e ninguém lhes paga, têm o ar de quem acabou de sair da fábrica e se encaminha para o pub para despejar duas ou três pints antes de regressar à casa no bairro social dos subúrbios, onde os esperam a mulher gorda e mal arranjada e os 4 filhos ranhosos e malcriados. São um produto da classe operária (devem neste momento estar a sair para a rua para uma manifestação do Labour day), não uma boys band estilizada. Mas são do melhor que a Inglaterra musical tem dado nos últimos anos.
O primeiro álbum, Lost Souls, saiu em 2000 e conquistou-me imediatamente para a causa. Foi comparado ao seu contemporâneo Parachutes, dos Coldplay, mas ganha-lhe em todos os aspectos por KO ao primeiro round. Canções como The sea song, Here it comes ou a gloriosa Catch the sun não saem da pena de qualquer Chris Martin.
Mas é neste segundo The last broacast que os Doves revelam a grande banda que são. Com um som mais rico e mais intenso que o seu antecessor, com melhores canções e com um maior sentido de álbum, foi um dos grandes discos de 2002. Tem um início poderosíssimo, com as magníficas Words, There goes the fear e M62 song. A partir daí vai desfiando uma série de pequenas perólas pop, de que me permito destacar N.Y., Pounding ou Caught by the river. Nota-se um maior cuidado nos arranjos das guitarras (aqui e acolá a lembrar os melhores Verve) e das segundas vozes, fazendo-nos reparar melhor na excelência do trio enquanto compositores e produtores.
No ano passado os Doves editaram Some Cities, o seu terceiro álbum de originais. É um disco mais directo do que os anteriores, com uma batida mais forte, e que apesar de revelar uma ligeira mudança de rumo de forma alguma desmerece o passado, tendo entrado na minha lista dos melhores de 2005. Mas este continua a ser o meu favorito do trio de pedreiros sensíveis e mal amanhados. Descubram-no.