19 fevereiro 2006

The man in black

Fui hoje ver "Walk in line", o filme sobre o grande Johnny Cash que já mereceu referências em alguns blogues amigos (por exemplo, aqui e aqui). Sendo admirador incondicional do homem sem ser grande apreciador de biopics, gostei muito do filme. Mais do que a história da sua vida (aliás, só cobre os primeiros 10 anos da carreira) é a história da paixão predestinada com June Carter e de como ela o tirou das profundezas do álcool e anfetaminas. Diga-se, história romanceada (por exemplo, a proposta de casamento a meio de um espectáculo é uma cena belíssima, mas na vida real a propostra teve lugar num ringue de hoquei...), mas o que é a realidade comparada com uma boa lenda? De qualquer forma, ser comovente sem ser lamechas não é fácil, e este filme consegue. Mérito de James Mangold, que em 1996 me maravilhou com o extraordinário Heavy (passou no Fantas, e na altura perdeu o prémio do júri para Se7en e o do público para Denise calls up; desde aí que tento revê-lo, mas o melhor que consegui foi uma versão francesa, via eMule...) e depois me desiludiu com coisas entre o banal (Copland) e o medíocre (Girl interrupted).

Só é pena o filme quase passar ao lado da faceta outlaw de Johnny Cash, dos seus concertos em prisões (onde a frase "I shot a man in Reno just to watch him die" era capaz de provocar o delírio da audiência), do homem que se vestia de negro porque o mundo não lhe dava razões para vestir de branco (vejam aqui a letra de "Man in black", uma das grandes canções country de intervenção, porventura só superada por "In the ghetto") e que foi posto de lado pelo establishment de Nashville, a quem teve esta simpática dedicatória quando ganhou um Grammy, após quase 40 anos de carreira.

1 comentário:

Ricardo Salazar disse...

entre alenda e a realidade - choose the legend...