31 dezembro 2006

Um 2007 DO C****** para todos!!!!!

A C70 deseja a todos os amigos, colegas, visitantes, clientes e fornecedores que 2007 lhes seja incomparavelmente mais agradável do que foi 2006. Fiquem bem, todos!

28 dezembro 2006

And the winner for best 2006 album is...

O meu álbum do ano, num ano em que nenhum álbum se destacou extraordinariamente do resto da maralha, é...

Seguem mais 25 álbuns de que gostei bastante, ou mesmo muito. A maioria deles é mais ou menos consensual embora alguns, para meu grande espanto, estejam ausentes das listas que tenho visto. Não estao propriamente por ordem nem a salvo de um qualquer esquecimento embaraçoso, e ficam sujeitos a futuras reapreciações. Naturalmente que se voltar a fazer a lista amanhã não sairão exactamente os mesmos, mas aí é que está a piada destas merdas, certo?

Esta lista tem só álbuns internacionais. Um dia destes será postada a dos nacionais, necessariamente mais curta.

E claro está, houve com toda a certeza muita coisa boa que ainda não me passou pelas (aliás grandes) orelhas, incluindo coisas que têm sido gabadas por gente de bom senso e bom gosto. Em 2007 haverá tempo.

Fico à espera das vossas listas. Homem que é Homem (com agá grande, de forma a incluir as mulheres) faz a sua lista de fim de ano.

PS - os mais atentos perguntam-se: ó colega, então e o Tom Waits? Eu respondo: uma colectânea não pode entrar nesta corrida, nos termos das regras da IFBAYL (International Federation of Best Album of the Year Lists).

19 dezembro 2006

C70@ Radio, 5ª feira - 21/12

CAN I GET AN HALLELLUJAH?
CAN I GET AN AMEN?

18 dezembro 2006

Ho Ho Ho!, Santa Joe has arrived!

Tal como prometido, este vosso amigo preparou uma prenda para oferecer ao vasto auditório da C-70. Trata-se da compilação indie de Natal para acabar com todas as compilações indie de Natal. Uma mistura fina de nomes clássicos e menos clássicos, de belas e melodiosas Christmas Carols com coisas menos ortodoxas, laboriosamente sacada de compilações várias e de EP's que algumas bandas editam por estas alturas (a imagem ali abaixo é a capa de um deles). Os 23 presentes incluem White Stripes, Grandaddy, Sonic Youth, Yo la Tengo, Long Blondes, Flaming Lips, Dandy Warhols, ansoyon ansoyon.
Sucede (ou como também se diz, "chuchede") que o vosso Joe não domina muito bem as técnicas de partilha de ficheiros grandes através de cenas tipo YouSendIt. Vai daí, a solução que encontrou foi meter a pasta em partilha no eMule. É um ficheiro com 92MB chamado "Baby Jesus, born to rock!", frase gamada à canção dos Eels que também lá está. Os interessados que se sirvam.
E é tudo por ora. Have yourselves a merry little Xmas.

15 dezembro 2006

Seasons' greetings 02

- I could have been someone
- Well, so could anyone... You took my dreams from me when I first found you.
- I kept them with me, babe, I kept them with my own. Can't make it all alone, I built my dreams around you!

Nunca ouço este bocadinho desta canção sem quase verter uma lágrima. Sem grande contestação nem sequer grande concorrência, é melhor canção de Natal escrita nos últimos 30 anos.
Shane MacGowan, o maior poeta desdentado do punk-folk.


12 dezembro 2006

O vento é ruim e os casamentos foleiros, mas a música é do caraças

Não desfazendo da boa produção nacional, a C-70 alerta o seu auditório para um facto: dois dos melhores discos de 2006, cantados em inglês e tudo, vêm da terra dos caramelos e do torrão. Para quem não está cansado de post-punk, recomendamos...








Cat People - Reel #1












Femme Fatale - Femme Fatale

10 dezembro 2006

Seasons' greetings 01

A C70 não fica indiferente ao espírito da época. E enquanto não oferece aos seus amigos a compilação especial Natal que está na forja, vai partilhando alguns belos momentos de que se lembra.
O de hoje é provavelmente um dos mais bizarros. Em 1977, enquanto atravessava uma das piores fases da sua vida e navegava entre as mais variadas drogas duras, o noisso groovy guru arranjou tempo para se juntar a Bing Crosby (oh oh oh!!) e participar neste seu programa de Natal. Pretty thing, innit?
Oferece-se uma rabanada a quem conseguir ver tudo sem rir.


08 dezembro 2006

Who put the 'S' in Soul?

Provavelmente o mais soulful de todos os cantores soul. Vejam esta performance e tentem encontrar um adjectivo menos forte do que "brutal" ou "esmagador". O que teria sido a carreira deste homem se não tivesse morrido com 26 anos?

Otis was the man!

06 dezembro 2006

Westlife rulam

Nunca uma boys band me foi tão simpática como os Westlife (de quem não sei identificar uma única música) passaram a ser desde há 5 minutos. Ora vejam lá a notícia retirada do site da Mojo:

"In terms of record sales, the last seven days have marked one of the most competitive periods of the year with the likes of The Beatles Love, Oasis’s ‘Best Of…’ Stop The Clocks and U2’s 18 Singles battling it out for the top slot in the UK albums chart. All three, however, have failed to stop pop act Westlife from triumphing, the Irish boy band out-selling all three legendary rock acts and securing the Number One slot. Westlife’s collection of covers, The Love Album, sold 219,000 copies, with Oasis reported to have shifted 215,000 units. The Beatles’s controversial remix Love outing sold 173,000 copies while U2’s low key singles collection sold approximately 102,000 copies."

Pois é, parece que para voltarem a ser n.º 1 os manos Gallagher vão ter que arrranjar escândalos novos, o Bono vai ter que arranjar outras causas sociais que faz de conta que ajuda e que lhe proporcionam momentos íntimos com o Bush e mesmo com o próprio Cherne, e o McCartney lá vai ter que levar um tiro. Ó Paul, se precisares de uma contribuiçãozinha para comprar a bala, sabes que podes contar com este teu amigo.

04 dezembro 2006

Just like in the movies

Quem disse que os actores não sabem cantar?

26 novembro 2006

Not the end?

Não sei se é o fim de tudo ou não. Acredito que tudo o que deixamos é a obra que fizemos em vida e a memória que fica a quem sobrevive. As únicas certezas que tenho de cada vez que me confronto com a morte é de que a nossa passagem por cá é demasiado rápida e misteriosa para ser desperdiçada com merdas, e de que é um imperativo moral vivê-la como melhor nos apetecer; e a de que temos que aproveitar enquanto os outros cá estão, porque depois é demasiado tarde para lhes contar as novidades, dar um abraço ou dizer adeus.
Pena que normalmente nos lembremos disso tarde demais.


25 novembro 2006

Quote of the day - Joy Division / The Eternal

Played by the gate at the foot of the garden,
my view stretches out from the fence to the wall
No words could explain, no actions determine
just watching the trees and the leaves as they fall.

Agora é como na história do telefone: eu estou cá, e tu estás lá.

Adeus, tio.

17 novembro 2006

C70 @ Radio

Jovem,

tens saudades da Mel&Kim e das Spice Girls, dos Duran Duran e dos Human League, do Iggy e do Ziggy? Apetecia-te ouvir a versão que os Babyshambles fizeram para o Janie Jones dos Clash? Gostas da M.I.A e da Lilly Allen mas tens vergonha de contar aos teus amigos rockeiros? Não passas bem sem Primal Scream, New Order, Suede e Pulp? Achas piada aos Turbonegro e aos Wolfmother, mas tens medo que os espertalhões com bom gosto te chamem azeiteiro? Não te preocupes, conheço a hora e o local certos para ti:

Quote of the day - Pavement / Give it a day

So the word spread
Just like small pox in the Sudan
The gentry cried: "Give it a day!"



Parece que o Filipe está com varicela.
O que significa, entre muitas outras coisas, que o pai do Filipe se arrisca a ficar com varicela.

(esta imagem, de resto bem foleira, é a única que arranjei em toda a net da capa de um CD que por acaso até tenho ali na estante, e vem da fonoteca da CM de Lisboa. curioso...)

13 novembro 2006

Regresso ao tacho do Mestre Joe

Super retro-mix de costeletas com molho de pimentos
Ingredientes:
2 costeletas
1,5 pimento grande
1 cebola
3 dentes de alho
Óleo
1,5 dl de água
Pimentão doce, pimentão picante e sal a gosto
Pão ou tostas
Um bom naco de Brie
Whisky
Gelo a gosto
Dois Cd's compilados por Mestre Joe
A pedido de várias famílias, eis que o Mestre Joe volta a abrir o seu livro e a brindar as melhores donas de casa com mais uma apetitosa receita.
Como todos sabemos, a primeira coisa a fazer quando se começa a cozinhar é escolher um som. Hoje resolvemos começar com Mirror Man, uma canção algo esquecida dos Human League com um cheirinho a Motown. Nada melhor para acompanhar do que uma tostinha barrada com Brie - procedimento que deve repetir-se com generosidade ao longo da confecção do jantar. De seguida, e enquanto o leitor de CD se encarrega de passar para os Style Council e Walls come tumblin' down (uma das duas ou três boas músicas de jeito que o Sr. Weller nos deixou), deve colocar-se cuidadosamente gelo num copo e regá-lo com Whisky. E estamos prontos para colocar o óleo no Wok e fritar as costeletas enquanto acompanhamos o Yeke Yeke de Mori Kante com danças tribais. Segue-se C30! C60! C90! Go! dos nossos bem conhecidos Bow Wow Wow (canção que por um triz não é o hino da C70), ideal para picar a cebola e os dentes de alho. E quando o leitor começar a debitar os "Chaka Khan" semi-gagos que abrem a alegre I feel for You, é sinal que as costeletas podem ser postas de lado e tapadas com papel de alumínio. É nessa altura que, acompanhados do French Kissin' da bela Debbie Harry, deitamos no Wok a cebola e os dentes de alho previamente picados, dedicando-nos então a cortar em fatias o pimento e meio. E pergunto eu: qual a melhor cançao queconhecem para acompanhar esse momento de grande concentraçao? Adivinharam - o Japanese boy de Aneka, a escocesa esquecida. A missão deverá estar cumprida antes de poderem dizer "Yazz", porque nessa altura já estarão a levantar os braços enquanto trauteiam The only way is up. Cortados os pimentos, é altura de verter mais ou menos 2/3 dos ditos no Wok de serviço, acrescentando a água e os temperos. Para mexer, a canção que se afigura mais adequada é (obviamente!) Wishing, da banda com os piores penteados dos anos 80 (título deveras disputado com os Alphaville e os A-ha) - nada menos que os inesquecíveis (nomeadamente pelos seus pais e filhos) A flock of seagulls.
E aqui há um pequeno momento mágico. Sinto sempre um pequeno baque quando o grande Billy Ocean entra em cena contando-nos a história da sua Caribbean Queen. Kanye, filho, querias ter esta pinta, mas ainda tens que comer muita sopinha de cavalo cansado.
Refeito da emoção, o cozinheiro nãop tem alternativa senão reencher o seu copo com mais chá de malte. E tem que ter cuidado para que o azeite que escorre das colunas não estrague a comida. É que quem canta agora é o inefável David Lee Roth, vocalista dos Van Halen, que grita Jump! Obedientes que somos, saltamos. Por esta altura, já a água ferve, e com ela os pimentos, a cabola e o resto. É deixá-la ferver, porque há coisas mais importantes a fazer; por exemplo, gritar papa-ooma-mow-mow enquanto toca o Surfin Bird, cortesia dos Trashmen. É logo a seguir entra o chefe, o rei, o maior. Entra e ordena, imperial: Let's dance! Quem somos nós para o contrariar? Bailemos, pois. E com garbo.
Ora já começam a ser horas de ir para a mesa, de modos que convém deixarmo-nos de tangas e acabar o jantar. O problema é que precisamente aqui aparece o trio diabólico. Os Beastie Boys, malcriadões, aparecem sem serem convidados e desatam a gritar No sleep till Brooklin, e o cozinheiro grita com eles enquanto, ajudado pela varinha mágica, transforma furiosamente em puré tudo o que estava no Wok. A situação nao melhora nada quando se começa a ouvir Rock Lobster, uma das canções mais disparatadas e contagiantes de sempre. Assim não há condições para trabalhar, porra! Vá lá que já está quase tudo feito, e a coisa entra num registo mais laidback com Ronnie Cook e a versão original do Goo Goo Muck. Por esta altura já se acrescentou ao puré meio pacote de natas, e se pôs lá dentro o resto dos pimentos e as costeletas. Vai tudo ao lume. E fica tão bonito e com tão bom aspecto que só apetece olharmos, embevecidos, para o resultado final. A coisa é de tal forma que até os Manic Street Preachers resolvem cantar um belo Can't take my eyes off you. Bute para a mesa, que está tudo com fome.
Acompanha com arroz branco, cerveja e Whiskey - sendo Whiskey, neste contexto, o 1º álbum do Jay-Jay Johanson, e não aquela bebida em que estavam a pensar.


Para a sobremesa os Chicos Bestiales. Enorme malha, grande clip.


Bon appétit!

12 novembro 2006

Quote of the day - Suede / So young

Because we're young, because we're gone,
We'll take the tides electric mind, oh yeah?





A 1ª canção do 1º álbum de uma das melhores bandas britânicas dos 90's . Pode ser exagero de fã, mas 13 anos depois continuo a achar que o britpop nunca conseguiu melhorar aquele que foi talvez o seu primeiro momento.
...even if we're not SO young anymore.

09 novembro 2006

A pergunta que anda no ar

"Quem é aquele gajo feio como o caraças e já um bocado entradote que vai pôr música no Rádio no dia a seguir à jovem e bem-parecida C-70??? "



Não, não é este. Mas que dá uns ares, lá isso dá.

07 novembro 2006

Grinderquê????

E esta, hein?...

Ó faxavor de conferir aqui o que o nosso querido Nick the Stripper tem andado a fazer. Pela amostra dá a ideia que regressamos a terrenos próximos do First born is dead, o que está longe de ser uma má notícia. Esperemos para ver.

05 novembro 2006

10-canções-10 com nomes de actores

A propósito do belo sunday morning record que nos acompanhou esta manhã ao pequeno almoço, começámos cá por casa a tentar lembrar-nos de canções com nomes de actores e actrizes no título, mesmo abreviados ou codificados (só não valia cantores-actores). Depois de muito puxar pela cabeça chegou-se a uma lista de 10:

10. Postal Service, Clark Gable
09. Cinerama, Lollobrigida
08. Bananarama, Robert de Niro's waiting
07. Kim Carnes, Bette Davis' Eyes
06. Gorillaz, Clint Eastwood
05. Suzanne Vega, Marlene on the wall
04. Sonic Youth, Madonna, Sean and me (aka The cruxifiction of Sean Penn, aka Expressway to Yr skull) *
03. John Cale, The soul of Carmen Miranda
02. Roxy Music, 2HB
01. Bauhaus, Bela Lugosi's dead
Menções honrosas (outras belas canções em que se referem actores):
05: Clash, The right profile ("Everybody says he sure look funny, that's Montgomery Clift, honey!")
04: dEUS, Opening Night ("I feel like Geena might, upon her opening night")
03: Whipping Boy, Personality ("I want to marry a personality, someone who looks just like Koo Stark")
02. Lou Reed, Halloween Parade ("There's a Crawford, Davis and a tacky Cary Grant")
01. Iggy Pop / David Bowie, China girl ("I feel in tragic like I'm Marlon Brando, when I look at my China girl")

Quem se lembra de mais algumas?

* já agora, pergunta-se aos mais dedicados estudiosos da Seita Sónica (que eu sei que há alguns entre os amigos da C-70): como caraças se chama afinal esta música, que na capa do disco tem um nome, no livro outro e aparece sempre referida nas discografias e álbuns ao vivo com outro?

02 novembro 2006

Discos Perdidos 05 / Swell - Too many days without thinking (1997, Beggars Banquet)

Quando saiu, Too many days... foi vilipendiado pelos admiradores mais puristas desta banda de S. Francisco como uma pequena traição ao espírito dos álbuns anteriores, ...Well? e 41. O som demasiado polido, a produção demasiado próxima da do banal indie rock e o facto de terem sido despedidos pela American, a editora do guru Rick Rubin (na altura em pleno milagre da resurreição de Johnny Cash) levaram a que muitos incondicionais torcessem o nariz a este disco, que soava como uma espécie de Nirvana em versão lo-fi meets Red House Paiters. Nada mais injusto: Too many days... é não só o melhor disco que os Sweel nos deixaram, é a lápide definitiva do grunge.
Não quer isto dizer, bem entendido, que os Swell tenham um cabelo que seja a ver com bandas como os Soungarden, os Alice in Chains, e ainda muito menos com dejectos como os STP ou os Pearl Jam. Nada disso. Os Swell vieram precisamente tornar claro que esse tempo tinha terminado e que era preciso voltar a olhar para o rock não enquanto repositório das amarguras juvenis gritadas por rapazes altos e bonitos, embora drogaditos e decadentes (Kurt, Eddie, Chris, Scott...), mas como uma forma de expressão musical e artística em que os sentimentos estão à flor da pele sem terem necessariamente que ser gritados por vozes desesperadas e sublinhados por um excesso de decibéis de guitarras e bateria. O rock podia voltar a ser rock, menos histriónico do que na meia dúzia de anos anteriores e centrando-se mais na escrita de boas canções do que no hiper-rentável circo Lollapalooza em que a música supostamente alternativa se tinha grotescamente transformado.
Too many days... é um disco em que não há uma canção fraca, havendo naturalmente 3 ou 4 que sobressaem: At Lennie's, (I know) the trip, What I always wanted ou a belíssima Sunshine everyday (uma espécie de irmã boa e gentil da Stormy weather dos Pixies) são coisas que ninguém que se preze desdenharia ter escrito, e que os Swell provavelmente nunca igualaram nos álbuns posteriores. Mas, muito mais do que ter boas canções, este é um disco em que as coisas parecem fazer sentido do princípio ao fim, em que uma espécie de fio invisível nos leva de uma ponta à outra sem que nada pareça ou apareça fora do sítio. E é isso que distingue um bom disco de um disco memorável.
Vi os Swell por duas vezes. A primeira foi na digressão deste álbum, algures em 97 e numa das salas onde vi mais e melhores concertos - o Garage, em Londres (qualquer dia hei-de escrever um post sobre este sítio, infelizmente fechado para obras há tempo suficiente para eu suspeitar que teha fechado de vez). A segunda foi em 98 ou 99 no agora também moribundo Hard Club, na digressão de For all the beautiful people. De ambas as vezes não estariam mais do que umas 200 pessoas para ver uma das melhores coisas que o rock tinha para oferecer à data, o que não deixa de ser chocante (sobretudo em Londres, onde devem viver à volta de uns 10 milhões de almas). Não sendo em palco uma banda extraordinária, a impressão que mais me marcou foi a de uns tipos despretensiosos que não se importam de conversar um bocado com os fãs enquanto eles próprios carregam a carrinha para o espectáculo do dia seguinte, e em que um dos membros até deixou o e-mail para mais tarde lhe escrevermos a saber se nos conseguia arranjar umas cópias do 1º disco.
Em 97 estava certo que este álbum seria um grande sucesso comercial, porque tinha tudo para agradar quer aos órfãos do grunge (agora uns anos mais adultos e maduros) quer aos adolescentes à procura de algo de novo no mundo indie. Não foi, talvez por falta de marketing, talvez porque de facto não era disto que o povo estava à espera. Pior do que isso, dei-me conta há bocado, ouvindo-o enquanto arrumava a cozinha, que é hoje um disco infeliz e injustamente esquecido; ele que deveria estar nas prateleiras de toda a gente que em 97 tinha entre os 16 e os 30 anos. Se não o conhecem, descubram-no.

01 novembro 2006

Quote of the day - Mão Morta / 1º de Novembro

Um traço, um berço
Dois destinos que se cruzam na lonjura da distância
Erva fálica pelo caminho
Distúrbios, subúrbios

Automóveis ferrugentos desenhando o horizonte
Os paralelos asfixiam a alma
Solidão, saudade

Romagens, romaria aos queridos defuntos
Carcaças abandonadas ao passado
Lágrimas, fábricas

Tempo invernoso sublinhando a ausência
A música ouve-se triste
Solidão!
Saudade!
Romagens!
Romarias!
Solidão!
Saudade!
Queridos!
Defuntos!



Quantos mais 1os de Novembro passo, mais certeza tenho de que quero ser cremado. Mas calma, ó Grande Arquitecto... não tenho pressa.

31 outubro 2006

Quote of the day - David Bowie / Scary Monsters (and super creeps)

She had an horror of rooms she was tired you can't hide beat
When I looked in her eyes they were blue but nobody home
Well she could've been a killer if she didn't walk the way she do,
and she do
She opened strange doors that we'd never close again
She began to wail jealousies scream
Waiting at the lights know what I mean
Scary monsters, super creeps
Keep me running, running scared

Bom Halloween, para quem é de Halloween!


30 outubro 2006

A volta do malandro

Quem costuma passar por aqui sabe que a MPB não é propriamente a minha especialidade. Mas há honrosas excepções. O Chico Buarque, por muitas razões objectivas e subjecticvas, é o meu cantor-compositor preferido fora do universo anglo-saxónico - a par com o Jacques Brel e um degrau acima do Gainsbourg.
Hoje ele vai ao Coliseu, e eu também vou.

29 outubro 2006

Quote of the day - De la Soul / The magic number

Now you may try to subtract it
But it just wont go away
Three times one? What is it?
One, two, three!
And thats the magic number


Nesta mágica noite de Outubro, e a alguns minutos de entrarmos na hora de Inverno, quero dedicar o post da noite ao meu querido cunhado Miguel, a quem deixo três grandes abraços por em tempos me ter emprestado este belo disco. Três hurras, três vivas, três bem-hajas, três palmadinhas nas costas, três beijocas na testa!
A capa parece-me agora ligeitramente diferente, se calhar é uma edição especial.

26 outubro 2006

Hate you as I like 03


Como é possível que há coisa de 10 anos esta associação de lobotomizados fosse bem vista por gente com responsabilidades? Como é possível que 10 anos depois algumas revistas inglesas continuem a dizer que eles fizeram dois dos melhores álbuns da história, quando juntos não têm mais do que duas ou três canções razoáveis? Como é possível que os tenham chegado a comparar aos Stone Roses? Como é possível uma banda tão medíocre ser tão ultra-sobre-avaliada? Como é possível que um asno com dois álbuns editados dissesse seriamente que a sua banda (esta) era a 2ª melhor de todos os tempos, logo a seguir aos outros idiotas que um dia também hão-de ser chamados a esta rubrica?
Felizmente já não dão notícias há uns tempos, e assim os conserve o Altíssimo. Calados e quietos.

22 outubro 2006

I'm a driver, I'm a winner... Pt. 2

Na sequência do filme e do post de ontem, esta manhã estava na fila para pagar as compras no Pingo Doce e comecei a lembrar-me de alguns dos meus filmes preferidos sobre losers. Aqui vai uma lista de dez, descomprometida, sem qualquer ordem (apesar da escolha do cartaz) e sem repetir realizadores (sob pena de a lista ser monopolizada por 3 ou 4 especialistas). Digam de vossa justiça.
Mean Streets, Martin Scorsese;
Down by law, Jim Jarmusch;
Trust, Hal Hartley;
The life aquatic with Steve Zissou, Wes Anderson;
Trainspotting, Danny Boyle;
The Big Lebowski, Joel Coen;
Magnolia, Paul Thomas Anderson;
How to survive a broken heart, Paul Ruven;
Happiness, Todd Solondz;
Buffalo '66, Vincent Gallo.

21 outubro 2006

I'm a driver, I'm a winner, things are gonna change, I can feel it

Fui hoje ver o Little Miss Sunshine. O título português é tão absurdo que nem o vou reproduzir (quase ao nível da inesquecível tradução do Purple Rain para "Prince, o rocker"). Mas não vim para aqui falar de traduções. Vim só dizer que é absolutamente imperdível, a mostrar que o grande Wes Anderson (Rushmore, The Royal Tennenbaums, The life aquatic with Steve Zissou) está a fazer escola e a inspirar talentos. Até á data, a dupla Jonathan Dayton e Valerie Faris só tinham realizado uma mão cheia de clips de algumas bandas comercialmente importantes (Smashing Pumpkins, RHCP, Offspring, Weezer, REM, etc.), sendo esta a sua primeira verdadeira aventura na longa metragem.
Em boa hora o fizeram. Little Miss Sunshine é uma comédia sobre a mais acabada de todas as famílias de losers, que resolve empreender uma viagem numa carrinha VW, em condições no mínimo sofríveis, para que a anafada petiza possa participar num concurso de misses infantil. Tudo o que se segue anda sempre na ténue fronteira entre o cómico e o patético, sendo por vezes enternecedor sem nunca descambar para a lamechice do "somos uma família e isso dá-nos força para superar todos os obstáculos". Não vou contar detalhes do filme, mas creio que posso adiantar que no final estão todos em pior situação do que estavam no início, mas mais felizes porque aprenderam a estar-se nas tintas para o fato de serem uns tristes. Aprendem a fazer aquilo que é a ambição de toda a gente: fazer as figuras de urso que lhes apetece sem quererem saber do que pensa o resto do povo.
Poderiam fazer coro com o Sr. Hansen, aqui em baixo, rindo enquanto cantam "Soy un perdedor, I'm a loser baby, so why don't you kill me?"


Especial Clara

A C-70 celebra neste momento o seu centésimo post.
E de que melhor forma poderia fazê-lo do que saudando a chegada da minha terceira sobrinha-neta? Está previsto que o acontecimento tenha lugar dentro de umas poucas horas. Assim será. A ciência seguirá o seu rumo imperturbável.
Benvinda, Clara! Que sejas uma punk rocker, como a Sheena. Que andes mais rápido que a luz, como profetizam os B-52's.
O mundo é teu!


12 outubro 2006

11 outubro 2006

Quote of the day - Primal Scream / Movin' on up

Im getting outta darkness
My light shines on
Desde há 2 ou 3 dias que o Live in Japan dos Primal Scream anda em roda livre no carro. Qualquer dia sou multado por excesso de ruído. Ou entao bato. Noutro carro ou em alguém. Com o meu carro ou com as minhas nuas mãos.
Uma vez (isto foi em 97) estava em Londres a tentar arranjar um bilhete para um concerto super-esgotado dos Echo & the Bunnymen, numa sala pequena mesmo no centro que já não me lembro como se chamava. A espera (infrutífera, como às vezes acontecia) ficou animada quando apareceu o cavalheiro Bobby Gillespie completamente drunfado (passe o pleonasmo) a tentar entrar sem bilhete. E o fixe é que não o deixaram entrar sem mais. Ainda ficou um bom quarto de hora no meio do comum dos mortais antes de o segurança conferir se aquele destroço fazia mesmo parte da beautiful people.

He was on the top, then. E ainda está, digo eu.


06 outubro 2006

Quote of the day - Olivia Newton-John / Physical

I'm sure you'll understand my point of view, We know each other mentally
You gotta know that you're bringin' out the animal in me
Oh, let's get physical, physical, I wanna get physical, let's get into physical





O vosso bom Joe resolveu inscrever-se num health-club. O nível de Castrol superior ao recomendável, a falta de fôlego a jogar à bola e a progressão aritmética da protuberância abdominal forçaram-me a esta decisão. Nadar meia hora por dia dá saúde e alegria.

A ocasião é de ouro para recordar esta australiana nascida em Cambridge, que invadiu os meus sonhos quando tinha 11 ou 12 anos. Tinha na parede um poster dela que saiu no Música & Som, a foto da capa do álbum que reproduzo para vosso deleite. Em verdade, em verdade vos digo que apesar dos 33 anos, a senhora me deixava sobremaneira perturbado. E com vontade de fazer ginástica.

Um esclarecimento apenas: ao contrário do que pode sugerir o twist final deste jocoso clip, não há poucas vergonhas nos balneários. Há, sim, algo que me deixou maravilhado: uma máquina de engraxar sapatos.

E amanhã vou vindimar para o Douro. Hasta la vista, babies.

30 setembro 2006

Vai um joguinho?

Lembram-se do grande "nanopops"? E daquele poster com 50 bandas, feito pela Virgin? A M&M's não quis ficar atrás e vai daí fez mais um joguinho, agora com 50 filmes. Dark movies, dizem eles, como o seu dark chocolate. Todos metidos num quadro da escola flamenga pré-freudiana (Brueghel ou Bosch? Confesso que não ou grande conhecedor). A ideia é descobri-los colocando o título em inglês. Atenção: os desenhos/pistas têm normalmente mais a ver com o título do filme do que com o conteúdo.
Eu vou em 28. Depois podemos trocar cromos. Mas não vale ir à net procurar soluções.
Divirtam-se tenham um belo fim de semana.


http://us.mms.com/us/dark/

26 setembro 2006

Come on Lily

Cada vez curto mais esta cachopa


e já agora, as músicas dela também.

Aqui na C-70 convivemos bem com o sucesso comercial de quem merece. E ela merece.

20 setembro 2006

Hate you as I like 02

Não posso com estes gajos.


Acho-os azeiteiros. E chatos. E o Eddie Vedder irita-me. E são os culpados de aberrações como os Nickelback, os Creed ou os Live. Camandro, como é que é possível que os comparem aos Nirvana?

14 setembro 2006

Caixa de Clips 009 - Classix Nouveaux / Is it a dream

Os Classix Nouveaux, uma das bandas mais populares em Portugal nos idos de 81-82, cairam hoje no esquecimento. Até este senhor, pessoa culta e de gosto refinado, confessou há tempos a sua ignorância sobre estes caramelos quando ouviu, no sítio do costume, o seminal Never Again - provavelmente a melhor música da banda, mas de que desgraçadamente não se arranja o clip (promete-se uma beijoca a quem conseguir).
Os CN formaram-se a partir dos restos mortais dos X-Ray Spex, quando os respectivos guitarrista e baterista resolveram despedir a carismática Poly Styrene e procurar um substituto à altura. Não se pode dizer que tenham falhado: Sal Solo é das figuras mais memoráveis deste período.
Apesar de associados ao movimento new-romantic, os CN pouco têm a ver com bandas como os Duran Duran, Human League ou Japan. Quer o som quer a estética parecem hoje mais próximos de uma espécie de dance-gothic, ou coisa que o valha. Um cruzamento entre Bauhaus, Alphaville, Siouxie e Cabaret Voltaire. Vejam lá o clip deste Guilty, o primeiro single a raiar (muito ao de longe) o sucesso, e digam lá que o Sal Solo não é um sósia do Nosferatu, com capa e tudo? Neste primeiro álbum (Night people) há 3 ou 4 grandes canções: Inside outside, No sympathy no violins, Or a movie ou Every home should have one ainda hoje me fazem abanar o capacete com violência. Como curiosidade, fica também o divertidíssimo clip de Because you're young (tirado já de Lá verité, o 2º álbum) que de tão improvavelmente azeiteiro nos leva a perguntar se a banda não estaria a gozar com o pagode. Apreciem bem as caras de cú que faz o teclista e o revirar de olhos de Sal Solo à passagem dos 2.55'', e perguntem-se se é possível fazer figuras destas seriamente.
Os CN apenas foram uma banda de culto na periferia da Europa, nomeadamente em Portugal, Polónia e Finlândia - mas aqui explica-se pelo facto de terem tido um guitarrista finlandês, um tal Jimi Sumen. E conta-se que esse inteligente foi à terra renovar o passaporte e ficou retido porque entretanto tinha sido chamado para a tropa. Não fosse ter sido dado como mentalmente inapto, e lá tinham os CN ficado sem guitarrista pela 3ª vez.
Is it a dream foi, ao que sei, o único single a entrar no top 20 britânico. Após um terceiro álbum que não deixou rastro, separaram-se. Sal Solo ainda teve tempo para gravar o muito embaraçoso San Damiano depois de uma viagem mística a Itália, podendo gabar-se de ter sido um precusor da linha posteriormente seguida por gente (eu sei, estou a ser condescendente) como os Enigma. Depois disso viu a luz, viu Jesus, e enveredou pela música cristã, como explica no seu site. Como dizia o outro, se se metesse na droga ainda era de homem, mas isto?... Se Deus existe mesmo, há-de pagá-las caras.
Mas isso agora pouco importa, porque Is it a dream é uma malha do caraças. Enjoy!

Hate you as I like 01

Abre-se uma nova rubrica da C70, dedicada a todos aqueles que eu verdadeiramente desprezo. Vai aparecer com um mínimo de comentários, para evitar ferir susceptibilidades.

Eis os primeiros nomeados, que aliás me inspiraram a iniciar esta página de fel ao aparecerem na minha rádio privada sem ninguém os convidar, aqui representados pelo insuportável guitarrista/vocalista.
Beat it, pussy!

12 setembro 2006

Power plays de umas férias (parte 2)

Ora então, o que se ouviu lá por Vila do Bispo? Muita coisa, entre o carro, o tijolo do Sr. Pascal, o leitor de MP3, as compilações retro aqui do vosso amigo e as selecções etno-lounge do Doutor Carlinhos, o verdadeiro artista. Mas graças ao altíssimo este ano deixou em casa os seus violoncelos. Vejamos então:
É difícil avaliar objectivamente um disco de que já ninguém estava à espera, um objecto feito numa twilight zone entre a vida e a morte, entre a morte da paixão de uma vida e a etapa final da paixão para a morte. American V - A hundred highways é um disco invulgarmente comovente, e na minha opinião ao nível dos vols. I e III da série. E para já mais não digo.

Haverá algo melhor para ouvir ao pé da piscina do que este mimo, mais a mais em versão aumentada e com a minha canção favorita da banda? He´s searching, she´s showing, see him held in a deep deep spell, he knows she´s glowing, I can find within my mind a way to go, I can look deep into your life and shout "hold me, hold me, hold me, hold me, hold me"...

Este merece uma menção porque me valeu um comentário curioso da parte da Mrs. C: "gabo-te a pachorra, sentado para aí a curtir umas guitarradas com este sol e a piscininha lá fora!".

Nas palavras do Doutor Carlinhos, um momento perfeito. Fusili frios com frutos tropicais, minis à fartazana, 40º à sombra, céu azul e gente bonita. Melhor do que isto só o Porto a ganhar a Champions. All for freedom and for pleasure, nothing ever lasts forever, everybody wants to rule the world!


Photobucket - Video and Image Hosting

Hélas, foi este o n.º 1 indiscutível das férias, o power-play absoluto, o mais pedido e o mais tocado. Agora o Wickie! Agora a Abelha Maia! Agora a Heidi! Agora o Rui! Leva para o carro! Leva para casa! Põe outra vez! Quem é que manda, afinal?

09 setembro 2006

Quote of the day - Radiohead / Bullet proof... I wish I was

Limb by limb and tooth by tooth
tearing up inside of me
Every day every hour
I wish that I was
Bullet proof

Quem não gostaria de ser à prova de bala?

07 setembro 2006

Power plays de umas férias

Regressada de férias e de volta à labuta, a C-70 resolve partilhar com o seu vasto auditório algumas coisas que leu e ouviu lá para os lados de Vila do Bispo nestes 15 dias (uma vez que o que viu se resumiu à missa de segunda feira à noite na 2).
Como parece que o Blogger está armado em parvo (acaba de me actualizar o post que escrevi há mais de 15 dias), hoje fico pelas leituras. Uma das maiores inanidades que li nos últimos anos. Consegui aguentar até ao fim das 158 intermináveis páginas pela curiosidade de ver onde chegava a patetice, e já me esqueci. Miserável.

E se em plena 2ª GM os EUA tivessem escolhido para presidente Lindbergh, o aviador herói pró-nazi condecorado por Hitler himself, em vez de darem um terceiro mandato a Roosevelt? Brilhante. (a título de curiosidade, refira-se que comprei o livro em inglês porque custava menos de metade do que custava a edição portuguesa) .

E evidentemente, os números de Agosto da Mojo e da Uncut. Comprados à pressa na manhã da partida num estaminé ali para os lados de Cedofeita, que até parece que também vende discos. Sem direito a foto porque nos sites respectivos já brilha o número de setembro.
E sejam muito bem vindos!

19 agosto 2006

Quote of the day - David Bowie / Memory of a free festival

The Children of the summer's end
Gathered in the dampened grass
We played our songs and felt the London sky
Resting on our hands, it was God's land
It was ragged and naiveIt was Heaven


A canção é um bocado pirosa, mas não me ocorre melhor para ilustrar a ressaca daquela que foi provavelmente a melhor edição do melhor festival português. Não fosse a chuva e teria sido ainda melhor. Sem tempo para grandes conversas, a C-70 deixa imagens dos melhores momentos do festival, penalizando-se por se ter esquecido de fotografar o grande espectáculo que deram os Eagles of death metal. Outros (Gomez, We are scientists, Madrugada e etc.) não estão aqui porque foram realmente menores em face da concorrência.






Por ordem: Broken Social Scene (e agora quem fala mal dos trombones de varas??); Morrissey (havia necessidade daquela saída de palco?..); Gang of four (be afraid, micro-waves... be very afraid); YYY's (O, Karen...); Bloc Party (brutal!); !!! (os mais divertidos, para mim a grande surpresa do festival); Cramps (a passar a meia idade ainda mostram como é que se faz); Bauhaus (a redenção de Peter Murphy, depois de no ano passado ter escrito cobras e lagartos sobre a pimbalhada que foi a sua actuação em Vilar de Mouros).
E por uns tempos é tudo. A C-70 vai a banhos por 2 semanitas, e estará de volta em princípios de Setembro. Beijos e abraços, fiquem bem e não façam nada que eu não fizesse.

13 agosto 2006

Silly Season 04

Como a silly season toca a todos, parece que anda por aí uma cabala destinada a fazer-nos crer que o inefável Cid, o tal que tapa as partes com discos de ouro, o tal que se proclama a mãe do rock português, o tal que gostava de ser o Elton John, o tal do macaco e da banana, o tal que diz que assinou alguns dos discos mais importantes da história do rock progressivo...
Dizia eu que parece estar em curso um plano, não sei idealizado por quem e muito menos com que intenções, de branqueamento do Cid. Ele é o Blitz, ele é o Y, ele é toda a gente a dizer que afinal o homem é um génio incompreendido a que a história começa a fazer a merecida justiça. Para que a memória não faleça e a história não seja coxa, convém todavia não esquecer alguns momentos protagonizados pelo artista. Infelizmente não se encontra o clip do macaco e da banana, mas há por aí, à disposição do mundo, momentos bem divertidos. Fiquem com uma aparição na nosa TV, a cantar em play back o Portuguesa bonita, e com um outro clip que nos dias de hoje podia dar cadeia .
Em baixo, e com merecido destaque, fica um dueto com alguém que não consigo identificar, prometendo alvíssaras a quem o fizer. A canção chama-se "A pouco e pouco (favas com chouriço)". Atentem especialmente em dois momentos e na poesia que lhes subjaz: a chegada ao escritório e a chamada telefónica. São de ouro!
E boas férias!

09 agosto 2006

Silly Season 03

Depois de quase ter levado na cara, depois de ter sido assobiado durante uma época inteira, depois de ter passado meses a ensaiar um sistema de três centrais que este ano nos tornaria muito mais fortes, depois de ter arrumado com os dois chefes do balneário, depois do estágio de pré-época na Holanda, Co Adriaanse demitiu-se nesta manhã de 9 de Agosto.
Pensarão os mais novos que nunca as palavras "holandês", "verão" e "nonsense" fizeram tanto sentido entre nós.
Desenganem-se.
Há precisamente 20 anos a dupla que podem ver aqui em baixo (que respondiam pelo nome de MC Miker "G" e Deejay Sven) superou tudo o que poderíamos esperar da sensibilidade musical dos holandeses, não falando já do bom gosto no vestir. Esta bosta passava diariamente no Countdown, e a acreditar na Encyclopedia of Dutch Rock music (juro que não estou a gozar!!) chegou a nº 1 em 34 países, e ao top 10 em mais 12.
Mr. Adriaanse is going on a summer holiday,
put your arms in the air, let me hear you say!

(se quiserem ver o clip propriamente dito, está aqui)

08 agosto 2006

Silly Season 02

Muitos eventos têm perdido, com o passar dos anos, a aura de grande acontecimento social, político ou cultural que tinham quando eu era miúdo, e infelizmente um deles é o Festival da Eurovisão (outro exemplo, em que a desaparição é todavia motivo de gáudio, são os inenarráveis Jogos sem Fronteiras, que me fazem sentir constrangido só de pensar que em tempos passei serões a ver aquilo). Até aos meus 11-12 anos, não perdia a apresentação diária dos 3 ou 4 clips de canções concorrentes, e toda a família seguia invariavelmente do princípio ao fim o espectáculo propriamente dito. Há pormenores que nunca se esquecerão, como saber de antemão que a Grécia e o Chipre se dariam mutuamente 12 pontos, ou a voz de Eládio Clímaco (quem mais poderia ostentar um nome tão improvável?) a anunciar a votação do júri do Luxemburgo.
A Eurovisão proporcionou momentos verdadeiramente atrozes, tanto do ponto de vista musical como do da encenação. Coisas de que as novas gerações provavelmente nem suspeitam. Ficam aqui algumas, para vosso deleite, obviamente sem descurar a produção nacional - que infelizmente não pode ser representada pela minha predilecta, a inesquecível Daili-dou, papagaio voa, cometida pelos Gemini. Fica a capa, e a informação de que o idiota de cima é o Tozé Brito e que as duas meninas viriam depois a integrar as Doce, com quem uns anos depois regressariam ao palco dos palcos com a igualmente marcante Bem Bom, que inauguraria o disco-malhão - género que desgraçadamente não viria a pegar, apesar dos esforços de Tonicha e de Marco Paulo.
Mas a estrela desta selecção é sem dúvida a inacreditável Dschingis Khan, depois da qual nada foi igual no Europop, e que como veréis trouxe à Eurovisão o Imperador Ming em pessoa - pessoa, ou lá o que é aquilo. Numa das maiores injustiças de que há memória ficaria apenas em 4º lugar, atrás de coisas como a insuportável pepineira vencedora Hallellujah (que mais tarde seria cantada pelo próprio António Sala) ou a espanhola Betty Missiego e as suas crianças. A única que chega aos calcanhares desta trupe teutónica é a vencedora do ano anterior: a eterna Abanibi (que na versão portuguesa se cantava "abanáqui qui faz calô").

Boas férias!

07 agosto 2006

Silly Season 01

Sem nada de importante para dizer e com a maioria dos leitores em gozo de merecidas férias, a C-70 entra oficialmente na Silly Season até Setembro. E começa com uma das pérolas mais resplandescentes do kitsch dos útimos 30 anos. A escolha é difícil, mas a pergunta impõe-se: qual o vosso Rubette favorito?


Em jeito de guilty pleasure, devo confessar que até gosto muito desta canção, a que os Auteurs (uma das bandas mais injustiçadas da britpop) dedicaram este tema do seu quarto e derradeiro álbum.
Mas quando pensavam que não era possível dar mais gargalhadas à custa do Sugar Baby Love, eis que surgem os Tonica, popular banda pop búlgara que aqui se mostra no programa de fim de ano de 1974 da televisão nacional. Como é possível um tal talento vocal não ter tido uma carreira internacional condizente?
Boas férias!

31 julho 2006

Quote of the day - Human League / The Lebanon

She dreams of nineteen sixty-nine
Before the soldiers came
The life was cheap on bread and wine
And sharing meant no shame
She is awakened by the screams
Of rockets flying from nearby
And scared she clings onto her dreams
To beat the fear that she might die
And who will have won when the soldiers have gone
From the Lebanon, the Lebanon
Before he leaves the camp he stops
He scans the world outside
And where there used to be some shops
Is where the snipers sometimes hide
He left his home the week before
He thought hed be like the police
But now he finds he is at war
Werent we supposed to keep the peace
And who will have won when the soldiers have gone
From the Lebanon, the Lebanon
I must be dreaming, it cant be true




A canção é de 1984. 22 anos depois parece que está tudo na mesma.

(Só o clip é que parece hoje ainda pior e mais absurdo do que quando foi feito)

30 julho 2006

I'm gonna spend all your money

A canção é boa. O vídeo original já era divertido (mas o mais divertido de tudo é que a MTV deixa passar o Lincoln numa barra de strip e censura as palavras "nuclear war") .




Agora alguém se lembrou de fazer um clip com o casal gay mais perigoso da história da humanidade. Podiam ter levado a coisa um bocadinho mais longe, mas ainda assim está com piada.

25 julho 2006

Caixa de Clips 008 - Bow Wow Wow / Chihuahua (1981)

Malcolm McLaren, o grande ladrão que inventou os Sex Pistols e o punk inglês depois de ver um concerto de Tom Verlaine e de Richard Hell em NY, fez mais algumas coisas amáveis antes de tentar uma patética carreira a solo. Uma delas foi pegar nos restos da banda de Adam Ant e juntar-lhes Annabella Lwyn, uma rapariguinha de 14 anos com corpinho de 18 e à-vontade de 23, de tal forma que até aparecia nua na capa do primeiro disco da banda (embora, valha a verdade, pudicamente nua) numa recriação do "Déjeuner sur l'herbe" de Manet. Queréis ver? Então está bem:


Os Bow Wow Wow assentavam numa secção rítmica poderosíssima, com um baixo frenético sobre tambores que se diria tocados por um antepassado de Kunta Kinte (lembram-se dele, brigada dos trintões?). Por cima disto tudo a voz inocente de Annabella, que sem avisar passa de um registo sussurrante para um delírio de berros e impropérios. Tal como outras bandas inglesas desta fornada de 80/81, os BWW foram buscar inspiração aos trópicos. Mas contrariamente à maioria (Kid Creole, UB40, Specials e toda a seita Ska) não alinharam em ritmos caribenhos; foram directamente à fonte e aos ritmos mais tribais da África negra. Tal como faziam os A Certain Ratio (calma, eles hão-de chegar), e como do outro lado do grande mar oceano faziam os Talking Heads no fantástico Remain in light. Se até os Echo and the Bunnymen chegaram a tocar com os Royal Drummers of Burundi...

Apesar do sucesso que lhes foi augurado, a carreira não foi muito longa. Separaram-se em 1983, com apenas três álbuns gravados. Annabella encontrou entretanto uma vocação budista (?!?!?!?!?), segundo informa o seu franciscanamente pobre site. Há 25 anos ninguém diria, ao ouvi-la gritar "I'm a rock'n roll puppet in a band called Bow Wow Wow!" enquanto puxava o seu guitarrista pela trela e o açoitava com o cinto. Mas as vocações não escolhem idade - que o diga S. Paulo, que ao que consta também gostava de dar as suas chicotadas antes de apanhar a tal estrada de Damasco.

Miguel Esteves Cardoso escrevia em Dezembro de 80 sobre os BWW: "Esta é a música comercial pop do futuro: efusiva, sem tréguas, apaixonada e imediata". E repetia em Abril seguinte, sempre no Se7e: "não é preciso uma bola de cristal para prever o futuro da música Pop - basta uma cassetre dos Bow wow wow e saber conjugar o verbo Bauauar" (tudo isto compilado, claro está, na sua "Escrítica pop"). Infelizmente o futuro não foi assim tão risonho para a Bella Anna (como lhe chamaria alguém que eu cá sei). Mas felizmente deixaram-nos músicas como este Chihuahua. Enjoy!


24 julho 2006

Quote of the day - Iggy Pop / Shades

I'm not the kind of guy who dresses like a king,
And a really fine pair of shades means everything
And the light that blinds my eyes shines from you
It makes me come in the night
It makes me swim with delight
I like this pain
I like this mirror
I like these shades


O vosso amigo comprou uns óculos de sol novos que são uma categoria. Se dantes já era um gajo com pinta, nem queiram saber agora.

Desgraçadamente não se arranja o clip desta canção. Mas para não ficarem tristes fica aqui outra do mesmo disco.

20 julho 2006

Quote of the day - Pixies / I've been tired

She said "I could tell you a story that could make you cry"
"What about you?" I said "Me too"
"I could tell you a story that will make you cry"
And she sighed "Aaahh"


Amanhã de tarde vou estar a fazer orais.
Depois de amanhã pela manhã vou estar a fazer orais.
Amanhã à noite os Pixies tocam em Lisboa. Obviamente, não posso ir.
Não é propriamente uma história que faça chorar. Mas que é uma merda, lá isso é.

17 julho 2006

Ainda a tempo...


A C-70 informa os seus leitores e amigos que a RTP-2 (aliás, a 2:) vai transmitir esta semana este extra-excelente documentário em que o mestre Martin nos explica como foi influenciado pelo cinema da sua pátria-avó. Absolutamente imperdível, a partir das 00.20 de hoje.

16 julho 2006

Quote of the day - Os Resentidos / Galicia canibal

Con isto da movida - ¡que movida! - haiche moito ye-yé
que de noite e de día usa jafas de sol,
¡Fai un sol de carallo!

A C-70 passou o fim de semana em dieta e cura de águas na Galiza. E achou por bem, até para se associar às comemorações oficiais do 20º aniversário deste LP (que de resto ainda tem em vinil), recordar às novas gerações que em tempos uma canção de uma banda de Vigo era passagem assídua no Batô ou na States, o primo de Coimbra.

Infelizmente o som dos Resentidos envelheceu muito mal. Mas esta continua a ser uma bela malha.

13 julho 2006

Caixa de Clips 007 - Bee Gees / Stayin' Alive

1977 não foi só crista, meus amigos. Não foi só alfinetes e calças rotas. Não foi só gajos feios a vomitar. Também foi gajos limpinhos vestidos de branco, ainda por cima irmãos, a cantar em falsete e a porem meio mundo a apontar para o tecto e para o chão. E a venderem que nem pão de ló (só a BSO do Saturday Night Fever vendeu para cima de 40 milhões). Os Brothers chamavam-se Gibb - hence, Bee Gees.
Confesso que quando vejo isto nunca sei o que é mais admirável: se o primogénito Barry, líder incontestado e insaciável compositor de êxitos, com o seu porte altivo, a sua impecável dentadura, a bela calça branca e jaqueta prateada e aquela vozinha de quem foi tirar um quisto e acabou por ficar sem mais qualquer coisa; se o mano Robin com a sua pujante cabeleira com risca ao lado e aquela cara de idiota que o Altíssimo teve a crueldade de lhe dar; ou se o saudoso mano Maurice mais o seu indisfarçável ar de morcão, aparentemente o mais discreto dos três mas capaz de proporcionar um momento de puro terror, qual filme do George Romero, à passagem dos 2.17'. Ou se nenhum em especial, mas antes o constante menear pélvico do trio, antecipando em muitos anos o fenómeno "bomba" e o seu movimiento sexy, ou a constante aparição às portas e janelas de casas em ruínas, ou a micro-coreografia com que nos brindam à passagem dos 2.29'.
A única dúvida é se este, conquanto mais subtil e contido, não é ainda melhor - quanto mais não seja pela soberba saída de cena à Lucky Luke. Uns senhores!

Já não há homens como dantes, é o que é.

11 julho 2006

Quote of the day - Pulp / Babies

Oh, we were on the bed when you came home,
I heard you stop outside the door
I know you won't believe it's true,
I only went with her 'cos she looks like you, my God!
Oh I want to take you home,
I want to give you children,
You might be my girlfriend,
yeah yeah yeah yeah yeah yeah!




Prometo que dou um doce a quem me fizer ouvir uma canção pop melhor do que esta. Mas atenção, não vale dizer esta. Nem esta. Nem esta. E muito menos esta. Nem outras 10 ou 15 de que me estou a lembrar.

O que leva a C-70 a perguntar ao seu auditório, gente de reconhecido bom gosto: foram os Pulp a melhor banda 100% pop dos 90's?