ACTO I
(Espaço: à porta do Batô;
Tempo: uma sexta feira de verão, por volta das 03.00, circa 1999)
Quatro jovens bem parecidos e na flor da idade preparam-se para tentar entrar numa discoteca cheia sem companhia feminina; um deles convenceu os outros três de que utilizaria perante o porteiro um argumento decisivo e infalível.
Tocam. O porteiro espreita, vê que são quatro gajos e faz que não com a cabeça. O jovem argumentativo não se fica. Bate à porta e pede para falar. O porteiro anui, com cara de quem não vai fazer fretes. O argumentativo dipara:
- É que eu sou amigo do Zéquinha...
O porteiro para e medita: "mas quem c****** é o Zéquinha???", pensa. Lembra-se depois que é o DJ; "claro, este cromo não ia dizer que era amigo do barman." Ri-se e volta a dizer que não. O argumentativo insiste:
- Não sei se percebeu, eu sou amigo do Zéquinha, ele está hoje a pôr música e disse-me para aparecer, que não ia haver problema... Se quiser pode ir chamá-lo.
"Só me faltava esta agora, este deve querer que a música pare para o gajo lhe vir aqui dar um abraço".
- Não amigo, lamento mas hoje não pode ser, sabem muito bem como a casa funciona.
Os outros amigos tinham-se chegado para longe da vista do porteiro, com medo de não voltarem a entrar ali nem com a Kournikova pela mão. O argumentativo permanece inconformado junto à porta, e repete baixinho
- Mas eu sou amigo do Zéquinha...
Desistem e bazam.
ACTO II
(Tempo: meia hora mais tarde;
Espaço: junto às roulottes de cachorros do castelo do queijo)
O argumentativo pede um cachorro completo à menina, cujos cabelos amarelos-escuros exibem umas raízes tão pretas como os poucos dentes que ainda lhe restam. A conversa com o porteiro deixou-o faminto. Ela ri-se toda, pisca-lhe o olho e prepara a encomenda. Vai-se rebolando, insinuante e marota, entre salsichas, cebola e tudo o mais a que o nosso herói tem direito. E então a magia acontece: irrompe no éter uma melodia que por esses dias invadia Portugal. A salsicheira dengosa abana-se, sorri atrevida para o moço sensual e canta-lhe:
-"Estou fazendo amor com outra pessoa, mas meu coração vai ser 'prá sempre seu..."
Acabámos os cachorros e fomos à nossa vida. Há suspeitas mais ou menos fundadas de que após ter sido deixado à porta de casa o argumentativo apanhou um Taxi e voltou às roulottes. Chegou, assobiou, piscou o olho à salsicheira e partiram para uma noite louca de paixão. O resto é uma lenda urbana.
Tempo: uma sexta feira de verão, por volta das 03.00, circa 1999)
Quatro jovens bem parecidos e na flor da idade preparam-se para tentar entrar numa discoteca cheia sem companhia feminina; um deles convenceu os outros três de que utilizaria perante o porteiro um argumento decisivo e infalível.
Tocam. O porteiro espreita, vê que são quatro gajos e faz que não com a cabeça. O jovem argumentativo não se fica. Bate à porta e pede para falar. O porteiro anui, com cara de quem não vai fazer fretes. O argumentativo dipara:
- É que eu sou amigo do Zéquinha...
O porteiro para e medita: "mas quem c****** é o Zéquinha???", pensa. Lembra-se depois que é o DJ; "claro, este cromo não ia dizer que era amigo do barman." Ri-se e volta a dizer que não. O argumentativo insiste:
- Não sei se percebeu, eu sou amigo do Zéquinha, ele está hoje a pôr música e disse-me para aparecer, que não ia haver problema... Se quiser pode ir chamá-lo.
"Só me faltava esta agora, este deve querer que a música pare para o gajo lhe vir aqui dar um abraço".
- Não amigo, lamento mas hoje não pode ser, sabem muito bem como a casa funciona.
Os outros amigos tinham-se chegado para longe da vista do porteiro, com medo de não voltarem a entrar ali nem com a Kournikova pela mão. O argumentativo permanece inconformado junto à porta, e repete baixinho
- Mas eu sou amigo do Zéquinha...
Desistem e bazam.
ACTO II
(Tempo: meia hora mais tarde;
Espaço: junto às roulottes de cachorros do castelo do queijo)
O argumentativo pede um cachorro completo à menina, cujos cabelos amarelos-escuros exibem umas raízes tão pretas como os poucos dentes que ainda lhe restam. A conversa com o porteiro deixou-o faminto. Ela ri-se toda, pisca-lhe o olho e prepara a encomenda. Vai-se rebolando, insinuante e marota, entre salsichas, cebola e tudo o mais a que o nosso herói tem direito. E então a magia acontece: irrompe no éter uma melodia que por esses dias invadia Portugal. A salsicheira dengosa abana-se, sorri atrevida para o moço sensual e canta-lhe:
-"Estou fazendo amor com outra pessoa, mas meu coração vai ser 'prá sempre seu..."
Acabámos os cachorros e fomos à nossa vida. Há suspeitas mais ou menos fundadas de que após ter sido deixado à porta de casa o argumentativo apanhou um Taxi e voltou às roulottes. Chegou, assobiou, piscou o olho à salsicheira e partiram para uma noite louca de paixão. O resto é uma lenda urbana.
8 comentários:
fantástico :)
Ainda hoje o argumentativo julga que "aquecimento global" tem a ver com aquela salsicheira...
Mas das noites míticas, aguardo que um dia sejam escritas as grandiosas e inauditas aventuras e desventuras da noite em que nasceu o "menino". Decerto será uma espécie de biblía da perdição.
Exijo já um acto III escrito por Ricardo Salazar
Nos termos do direito de resposta, cumpre informar que:
1. a salsicheira era merche silva, actual romero.
2. José encontrava-se embriagado e tinha estado aos beijos a ricardo ( o do nascimento do menino ) enquanto orlando filmava o que hoje pode ser visto no YouTube em "rapazes com cueca tigresse em leça";
3. Comi um hamburguer. Não como cachorros em roulottes, nem caniches dentro de armários.
ACTO III
No fim da noite, o argumentativo armado com uma caçadeira de canos serrados voltou ao citado local de diversão nocturna, fazendo uma matança que ficou lendária, tornando a noite do porteiro negra.
Apenas zéquinha escapou porque quem tem amigos e não escreve posts malvados safa-se sempre...
Quem escreve posts é melhor não aparecer na universidade, nem mexer uma "palha"...
"Estou fazendo amor com outra pessoa, mas meu coração vai ser 'prá sempre seu..." Uma música claramente marcante para toda a nossa geração. :) É linda a melodia e particularmente rico o conteúdo. Gosto, pronto. Acho que é de homem estar a encornar a namorada e, no mesmo momento, a dizer que a ama. Mostra uma certa pureza de alma. Lindo! :)))))))))))))))))
Ok, se querem a verdade e só a verdade, so help me god, o argumentativo não comeu a salchicheira, antes foi comido pelo "moreno" dos hamburgers. Lembro-me como se fosse hoje, que o "gay dworf pagodeiro" amigo de zéquinhas, cantarolou: "Você é um negão de tirar o chapéu/ não posso dar mole senão você créu"...
Caro Ricardo Salazar,
Muito maargarida rebelo pinto este III acto. Esperava algo bem mais porno-dada-surrealista. Mas ainda assim disfrutei.
Obrigado
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