Jonathan Richman é o que todos gostaríamos de ser: simpático, de bem com a vida, divertido, descontraído, inteligente, bom compositor, descomplexado, cool. Ou pelo menos um tipo de quem gostaríamos de ser amigos, que gostaríamos de convidar para jantar, com quem gostaríamos de ir beber um copo ou ver um concerto e conversar sobre coisas que interessem pouco ao destino do mundo. É um tipo porreiro. Ou pelo menos é o que parece. Basta olhar para a foto da capa.
Depois de ter sido a alma dos Modern Lovers, uma das melhores e mais influentes bandas da primeira vaga do proto-punk nova-iorquino, JR iniciou uma carreira a solo que tem tanto de diversificada como de errática. Do garage-pop para o country, dos ritmos mais latinos à balada amorosa, o homem fez de tudo. Normalmente bem, mas (como toda a gente) algumas vezes melhor do que outras. Até deu uma perninha no cinema: pouxem lá pela cabeça e vejam se não se lembram do bardo do "Doidos por Mary", que ia apresentando a história? É ele mesmo.
I, Jonathan foi lançado em 1992, o momento do crossover entre o alternativo e o comercial com a bomba Smells like teen spirit e a explosão do grunge, a que se seguiria pouco depois a do britpop. Correntes associadas a bandas que passavam por alternativas, mas que vendiam que nem pão-de-ló, e que normalmente escreviam sobre temas caros aos adolescentes: neuroses, desemprego, depressões, males de amor, complexos de adolescentes, I'm so ugly, She's so high, I'm your Zero e patatipatata. Nessa altura, Jonathan Richman fez o que tinha a fazer: continuou o seu caminho sem se importar com o último grito da moda. Apareceu com um disco num registo completamente lo-fi, mas sem quaisquer pretesões arty, que parece gravado na cave de algum amigo, com canções simples sobre coisas simples. O disco abre com uma linha de baixo que traz imediatamente à memória o Summer Nights cantado muitos anos antes por Olivia e Travolta, e nessa canção faz-se imediatamente o manifesto de intenções: “Hi everybody! I'm from the 60's, the time of Louie Louie and Little Latin Lupe Lu. And I know we can't have those times back again, but we can have parties like there were then. We need more parties in the USA!” Afinal, não é isso que interessa?
O disco desfia continuamente pequenas pérolas, entre homenagens à maior de todas as bandas (“How in the world were they makin’ tht sound?... Velvet Underground!”), apelos à paz no mundo e no lar (“You can't talk to the dude and that's no longer in style, you can't talk to the dude, no this no es normal.") e memórias da juventude (“Oh, the ancient world was in my reach from my Rooming house on Venice Beach”). Mas há dois momentos claramente superiores. O primeiro, que podem ver aqui em baixo numa versão ao vivo, é a genial I was dancing in a lesbian bar, uma das canções mais uplifting dos anos 90. O segundo é talvez a melhor canção que este senhor jé escreveu (e a concorrência é forte), e chama-se That summer feeling. Nem sequer vou tentar descrevê-la, porque é demasiado perfeita. Ouçam-na, se quiserem. Esta manhã estava a ouvir este álbum e apareceu lá por casa um amigo que tem a sorte de ter o maxi-single dessa maravilha. E disse que esse vinil, o último que teve depois de centenas de vinis comprados, emprestados e gamados no Corte Inglês (de Vigo) entre os 10 e os 25 anos veio fazer a síntese final de todos os outros. Belas palavras... but I guess that’s why they call him an artist!
I, Jonathan foi lançado em 1992, o momento do crossover entre o alternativo e o comercial com a bomba Smells like teen spirit e a explosão do grunge, a que se seguiria pouco depois a do britpop. Correntes associadas a bandas que passavam por alternativas, mas que vendiam que nem pão-de-ló, e que normalmente escreviam sobre temas caros aos adolescentes: neuroses, desemprego, depressões, males de amor, complexos de adolescentes, I'm so ugly, She's so high, I'm your Zero e patatipatata. Nessa altura, Jonathan Richman fez o que tinha a fazer: continuou o seu caminho sem se importar com o último grito da moda. Apareceu com um disco num registo completamente lo-fi, mas sem quaisquer pretesões arty, que parece gravado na cave de algum amigo, com canções simples sobre coisas simples. O disco abre com uma linha de baixo que traz imediatamente à memória o Summer Nights cantado muitos anos antes por Olivia e Travolta, e nessa canção faz-se imediatamente o manifesto de intenções: “Hi everybody! I'm from the 60's, the time of Louie Louie and Little Latin Lupe Lu. And I know we can't have those times back again, but we can have parties like there were then. We need more parties in the USA!” Afinal, não é isso que interessa?
O disco desfia continuamente pequenas pérolas, entre homenagens à maior de todas as bandas (“How in the world were they makin’ tht sound?... Velvet Underground!”), apelos à paz no mundo e no lar (“You can't talk to the dude and that's no longer in style, you can't talk to the dude, no this no es normal.") e memórias da juventude (“Oh, the ancient world was in my reach from my Rooming house on Venice Beach”). Mas há dois momentos claramente superiores. O primeiro, que podem ver aqui em baixo numa versão ao vivo, é a genial I was dancing in a lesbian bar, uma das canções mais uplifting dos anos 90. O segundo é talvez a melhor canção que este senhor jé escreveu (e a concorrência é forte), e chama-se That summer feeling. Nem sequer vou tentar descrevê-la, porque é demasiado perfeita. Ouçam-na, se quiserem. Esta manhã estava a ouvir este álbum e apareceu lá por casa um amigo que tem a sorte de ter o maxi-single dessa maravilha. E disse que esse vinil, o último que teve depois de centenas de vinis comprados, emprestados e gamados no Corte Inglês (de Vigo) entre os 10 e os 25 anos veio fazer a síntese final de todos os outros. Belas palavras... but I guess that’s why they call him an artist!
Mas chega de tretas sobre este Peter Pan do Rock'n roll. Descubram-no e entrem na sua Neverland.
PS - A ideia de fazer este post veio de dois posts em blogs amigos. O primeiro foi este, no recente (e muito promissor) April Skies. O segundo foi este, em que (apesar de a discussão que se seguiu ter descambado para outras coisas) o Sr. Capitão falava de bandas de que toda a gente gosta. Depois de ouvirem este disco, vão perceber que é impossível não gostar dele.
1 comentário:
Belas palavras! À tua maneira, já estás a fazer justiça ao Homem...
Abraço!
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